Placenta pode dizer se bebê tem maior risco de desenvolver esquizofrenia
Embora comer a placenta não promova benefício nenhum aos pais, esse órgão pode ter um papel importante além do fornecimento de nutrientes para o desenvolvimento do bebê. De acordo com um novo estudo, a placenta pode dizer se a criança sofre algum risco de desenvolver esquizofrenia e provavelmente outros distúrbios, como TDAH, autismo e síndrome de Tourette.
Publicada no periódico Nature Medicine, a pesquisa descobriu que muitos genes associados ao risco de esquizofrenia parecem alterar indiretamente o desenvolvimento cerebral, influenciando a saúde da placenta. "Pela primeira vez, encontramos uma explicação para a conexão entre complicações precoces da vida, risco genético e seu impacto na doença mental, e tudo converge para a placenta", diz Daniel R. Weinberger, que liderou a equipe de pesquisadores.
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Complicações na gravidez aumentam chances
A hipótese de que a esquizofrenia é um distúrbio do neurodesenvolvimento não é recente, mas os mecanismos biológicos envolvidos no processo eram desconhecidos até então. Estudos prévios mostraram que variantes genéticas sozinhas aumentam as chances de desenvolver a doença, enquanto complicações precoces durante a gravidez e o parto podem aumentar o risco em até duas vezes.
Agora, os cientistas estudaram mais de 2800 indivíduos adultos, dos quais 2038 tinham esquizofrenia. Após a análise, os pesquisadores descobriram uma relação entre os genes associados ao risco de esquizofrenia e uma história de uma complicação na gravidez potencialmente grave. Indivíduos com alto risco genético e complicações precoces têm pelo menos cinco vezes mais probabilidade de desenvolver esquizofrenia em comparação com indivíduos com alto risco genético similar, mas sem história de complicações obstétricas graves. Segundo os cientistas, os genes da esquizofrenia fizeram com que a placenta mostrasse sinais de estar sob estresse, sendo mais inflamada.
Homens são mais afetados
A incidência de alguns transtornos comportamentais do desenvolvimento, como esquizofrenia, autismo, TDAH, dislexia e síndrome de Tourette, é de duas a quatro vezes maior nos homens do que nas mulheres. E a explicação pode estar na placenta. Após o novo estudo, os pesquisadores descobriram que os genes desses distúrbios ativados na placenta a partir de gestações complicadas também eram mais abundantes em homens. "Os resultados surpreendentes deste estudo fazem da placenta a peça central de um novo campo de investigação biológica relacionado a como os genes e o ambiente interagem para alterar a trajetória do desenvolvimento do cérebro humano", diz Weinberger.
De acordo com os cientistas, pesquisas futuras poderão explicar mais sobre a interação entre a saúde placentária e o neurodesenvolvimento. Isso poderá ajudar na criação de novas abordagens para tratamentos terapêuticos e estratégias de prevenção de transtornos como esses.
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