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Estudo analisa relação entre autismo e exposição ao ultrassom na gestação

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Gabriela Ingrid

Do VivaBem

28/02/2018 17h26

Um novo estudo publicado no periódico Jama Peditrics mostrou que não há associação entre a exposição do feto a aparelhos de ultrassom e o desenvolvimento de autismo. Nos últimos anos, aparelhos poderosos de ultrassom (como os que criam imagens 3D do bebê) se tornaram cada vez mais populares para o monitoramento da gravidez.

Por alguma razão, nesse mesmo período, o número de crianças diagnosticadas com autismo também cresceu, levando à crença de que a exposição do feto ao aparelho implicaria num potencial fator para o desenvolvimento da doença.

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A preocupação em torno dessa relação levou alguns cientistas a realizarem experimentos em fetos de animais, que sugeriram que esses aparelhos poderiam modificar a formação cerebral dos animais, levando a alterações na memória, no aprendizado e na sociabilidade após o nascimento.

No entanto, o novo estudo focou justamente nos humanos e descobriu que essa relação não existe. Os cientistas analisaram dados médicos de 107 crianças com autismo e retardo no desenvolvimento; 104 crianças com autismo, mas sem retardo no desenvolvimento, e 209 crianças com desenvolvimento neurológico normal.

As informações mostraram que tanto as crianças com e sem a doença foram expostas à mesma média de ultrassons (cerca de seis) quando ainda estavam na barriga da mãe.

"Em quase todos os parâmetros que examinamos, o ultrassom pareceu perfeitamente seguro", disse N. Paul Rosman, um dos autores, ao jornal The Washington Post.

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Especialistas pediátricos afirmam ser impossível que uma pequena diferença na profundidade das ondas poderia explicar o desenvolvimento do autismo
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Diferença entre ondas levantou debate entre cientistas

Apesar das conclusões do estudo, os grupos tiveram uma diferença na profundidade que as ondas de ultrassom permearam no tecido materno e fetal. Nos fetos que desenvolveram autismo, a profundidade média foi ligeiramente maior, durante o primeiro e segundo trimestres, em comparação com as realizadas em fetos normais.

Por esse motivo, os autores observaram que a profundidade de varredura poderia levar a uma maior penetração de ondas sonoras no cérebro fetal, potencialmente alterando o desenvolvimento de células cerebrais. Mas eles concluem que novos estudos são necessários para comprovar isso.

Em um editorial que acompanhou o estudo, outros especialistas pediátricos afirmam ser impossível que uma pequena diferença na profundidade da varredura explicasse o desenvolvimento de uma condição neurológica grave, como o autismo.

No entanto, segundo os autores, a FDA e o American College of Obstetricians concordam que a exposição às ondas do ultrassom deve ser limitada, já que os efeitos colaterais do aparelho ainda são desconhecidos.

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O ultrassom é importante para descobrir malformações no bebê e saber antes do parto as possíveis complicações
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Estudo não deve assustar mães

No Brasil, não há nenhum regulamento limitando o número de ultrassons a serem feitos durante a gravidez, de acordo com Tatiana Barbosa Pellegrini, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Medicina Fetal e Ultrassonografia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). "O número de ultrassons é determinado pelo médico do pré-natal e vai depender da saúde da mãe e do bebê. Não há nenhum risco comprovado pela ciência", diz.

Segundo a médica, o exame é fundamental durante a gestação e é necessário realizá-lo, no mínimo, quatro vezes antes do parto. O primeiro é feito até as nove semanas, geralmente por via transvaginal, para o médico ter melhor visualização do feto e checar se o saco gestacional está bem. O segundo, com 12 ou 13 semanas, é o morfológico, no qual é analisada a anatomia do feto, se há risco de alguma doença genética ou problemas cromossômicos.

O terceiro, com 21 semanas, vê a formação do bebê, o coração e as condições da placenta. E, por último, o quarto é feito na 32ª semana, para estudar a circulação, a localização e o funcionamento da placenta, e o peso do bebê.

"Esses quatro exames são essenciais para a mãe e o médico terem noção da saúde do bebê e do andamento da gravidez. Por eles, é possível encontrar malformações e realizar tratamento intrauterinos antes do parto", diz Pellegrini. Ela ainda acrescenta: "Existem grávidas diabéticas ou hipertensas que acompanham semanalmente o bebê por meio de ultrassom. Não há razão para ter medo".

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