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Preenchimento de pênis: os riscos da técnica para aumentar órgão sexual

xmee/IStock
Imagem: xmee/IStock

Rick Kelsey

02/11/2018 08h11

Preenchimentos penianos, feitos para aumentar a circunferência do órgão sexual, estão se tornando cada vez mais populares em diversos países - apesar de alertas dos médicos sobre possíveis complicações quando o procedimento não é feito por especialistas ou com material adequado.

Dois homens que moram no Reino Unido contam à BBC por que decidiram realizar um.

Abdul Hasan, de 27 anos, já fez um preenchimento e planeja se submeter a um segundo como presente surpresa para sua namorada.

Eles estão juntos há oito anos, mas o jovem ainda se sente inseguro quanto à sua capacidade de satisfazê-la sexualmente.

Da última vez, sua namorada ficou "100%" surpresa, conta ele. "Pensei: 'Mais um não vai fazer mal. Isso me deixa feliz por algum motivo."

Um preenchimento peniano consiste na injeção de um líquido - normalmente, ácido hialurônico, mais usado para suavizar marcas de expressão no rosto - no tecido sob a pele do órgão.

É um procedimento não cirúrgico que é feito em questão de horas em uma clínica especializada e custa, no Reino Unido, 3 mil libras (cerca de R$ 14,3 mil) por aplicação.

Isso aumenta a circunferência do pênis, normalmente em um ou dois centímetros, quando ele está flácido - o resultado varia de acordo com a quantidade de líquido injetada -, e tem duração de cerca de 18 meses.

Este tipo de tratamento, contudo, tem pouca regulamentação por autoridades em saúde.

Asif Muneer, da Associação Britânica de Cirurgiões Urologistas, diz que "desencorajaria" alguém a fazer um. "Todos esses procedimentos são para aumentar a circunferência do pênis quando ele está flácido e não traz benefícios quando ele está ereto - então, não melhoraria a situação na prática", diz.

"Além disso, pode levar a complicações que podem afetar a vida sexual do paciente mais tarde."

Muneer acredita que muitos buscam esses procedimentos por terem problemas com sua imagem corporal e ao ver celebridades e outras pessoas influentes promoverem procedimentos cosméticos na internet.

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'Não tenho mais nada a esconder'

Para Hasan, a baixa autoestima foi uma razão para fazer um preenchimento de 10ml.

Ele está dentro dos padrões de circunferência e comprimento de pênis informados pelas NHS, a principal autoridade em saúde pública do Reino Unido, mas diz que sentia-se "um pouco envergonhado" ao trocar de roupa perto de outros homens na academia.

Abdul diz que o primeiro preenchimento o fez se sentir mais confortável nestas situações, mas admite temer complicações.

"Fiz um, e minha confiança foi lá em cima. Não tenho mais nada a esconder", acrescenta.

Ele diz que logo se sentiu mais confiante em outras ocasiões. "Eu me tornei outra pessoa. Se via um grupo de pessoas, eu me aproximava delas mais facilmente."

Duas das maiores prestadoras de serviços na área de cirurgias cosméticas para saúde sexual masculina no Reino Unido disseram à BBC ter havido um grande aumento na demanda por preenchimento peniano.

A Moorgate Aesthetics e a Androfill dizem que recebem hoje mais de 700 pedidos por mês - eram menos de dez há três anos. Também relatam um aumento de 20 vezes no número de procedimentos realizados, que passaram para mais de 130 mensais neste mesmo período.

Mas, enquanto clínicas como aquela em que Hasan realizou seu procedimento têm médicos treinados e usam líquidos para fins médicos aprovados por autoridades, especialistas alertam para o aumento de preenchimentos feito por pacientes por conta própria.

Muneer diz que muitos dos homens que vêm se autoinjetando líquidos como vaselina, óleos e silicone não têm consciência das possíveis complicações.

Muitos acabam no consultório médico alguns dias depois, explica ele, para tratar infecções. "É necessário então fazer uma cirurgia para remover tecido morto ou parte do líquido", afirma.

"Muitas vezes, temos de remover toda a pele que recobre o pênis e aplicar enxertos obtidos de outras partes do corpo."

Stuart Price, de 36 anos, procurou uma clínica para seu primeiro preenchimento. Ele diz que qualquer homem gostaria de ter um pênis maior se possível.

Ele perdeu recentemente 50kg e diz que isso mudou seu corpo, que ficou com um excesso de pele. "Não acho que precisava fazer um preenchimento, mas isso me daria um pouco mais de confiança", afirma.

"Eu me sentiria melhor se o meu pênis fosse maior."

Stuart buscava originalmente por um transplante capilar quando viu um anúncio de preenchimento peniano e gostou da ideia de se submeter a um procedimento não cirúrgico.

O mito do pênis grande

Um estudo de 2015 do King's College London e do NHS analisou o comprimento e circunferência do pênis de mais de 15 mil homens no mundo.

A média foi de 13cm de comprimento quando ereto. Só 5% tinham mais de 16cm, e 0,14% tinham o que é conhecido como um micropênis, com menos de 7,6cm quando ereto.

Quanto à circunferência, um pênis flácido tinha na média 9cm e 11,6cm quando ereto.

Stuart optou por injetar 15ml de ácido hialurônico, o máximo que a clínica oferecia. Sua namorada, Carys, tinha receio de que "ficaria muito grande" - ainda que preenchimentos possam ser removidos se o paciente desejar.

Mesmo diante disso, Stuart seguiu em frente e, uma hora depois, mediu a diferença. A circunferência do seu pênis passou de 12,5cm para 15cm. "Parece muito maior. Estou muito feliz", diz ele.

No caso de Hasan, ele passou de 10cm para 11,5cm.

Médicos aconselham que os pacientes esperem quatro semanas antes de fazer sexo novamente.

"Você não quer ter complicações com estas coisas. Especialmente nas partes íntimas", diz o jovem.

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