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Anatomia cerebral e traços psicológicos dizem se você responderá a placebos

Alguns pacientes têm a parte psicológica e biológica do cérebro apropriadas para responder bem aos placebos - mermaidb/Istock
Alguns pacientes têm a parte psicológica e biológica do cérebro apropriadas para responder bem aos placebos Imagem: mermaidb/Istock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

15/09/2018 12h38

Dependendo do formato do seu cérebro e seu emocional, você poderá receber prescrição de pílulas de açúcar para acabar com dores crônicas. E não precisa ficar preocupado, as pílulas reduzirão a dor de forma tão eficaz quanto qualquer remédio poderoso da farmácia, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Nature.

Cientistas demonstraram que podem prever com segurança quais pacientes com dores crônicas responderão a pílulas de açúcar como placebo com base na anatomia e nas características psicológicas do cérebro dos pacientes.

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O cérebro de algumas pessoas é sintonizado para responder bem ao placebo. Esses pacientes têm a anatomia cerebral e os traços psicológicos apropriados para isso, elas os colocam em um estado cognitivo de que se ouvirem ‘isso pode melhorar sua dor’, a dor realmente melhora”, disse o autor do estudo, Apkar Vania Apkarian, professor de fisiologia da Northwestern University, nos Estados Unidos.

O professor explicou ainda que não é preciso enganar o paciente fingindo que o placebo é um medicamento poderoso. É possível dizer claramente que você está receitando um comprimido que não tem efeitos fisiológicos e, mesmo assim, o cérebro deste indivíduo responderá a ele.

Como foi feito o estudo?

Cerca de 60 voluntários com dor lombar crônica foram separados em dois grupos. Em um deles, os participantes não sabiam se recebiam a droga ou o placebo. Enquanto no outro, as pessoas não receberam nenhum dos dois, nada de remédios ou placebos.

Em seguida, os cientistas focaram nos pacientes que alegaram que as dores diminuíram mesmo ao ingerir pílulas de açúcar. A surpresa foi que todos eram semelhantes quando o assunto era a anatomia do cérebro e os traços psicológicos.

O lado direito da parte emocional do cérebro de quem reagiu ao placebo era maior que o lado esquerdo, e os cérebros tinham uma maior área sensorial cortical do que as pessoas que não eram sensíveis ao placebo. Além disso, os respondedores de placebos para dor crônica eram todos emocionalmente autoconscientes, sensíveis a situações dolorosas e conscientes de seu ambiente.

"Os médicos que estão tratando de pacientes com dor crônica devem considerar seriamente que alguns recebem uma resposta tão boa a uma pílula de açúcar quanto qualquer outra droga", concluiu Apkarian. "Eles devem usar e ver os resultados. Isso abre um novo campo".

Quais os ganhos com a novidade?

A descoberta foi considerada importante para gerar benefícios em três pontos:

  1. Prescrição de drogas não ativas. “É muito melhor dar a alguém uma droga não ativa que obtém o mesmo resultado de uma ativa. A maioria dos tratamentos farmacológicos tem efeitos adversos a longo prazo ou propriedades que causam dependência. O placebo torna-se uma opção tão boa quanto os outros medicamentos”, afirmou Apkarian.
  2. Eliminação do efeito placebo em testes de drogas. “Todos os testes de remédios precisam mostrar eficácia maior que a do placebo. Assim, os testes precisariam recrutar menos pessoas e a identificação dos efeitos fisiológicos seria muito mais fácil”, explicou Apkarian.
  3. Redução dos custos de assistência médica. “Uma prescrição de pílula de açúcar para pacientes com dor crônica resultaria em uma grande economia tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde”, comentou Apkarian.

O pesquisador reitera que o estudo sobre placebo e características individuais foi feito apenas com pacientes diagnosticados com dores crônicas, por isso, enquanto novas pesquisas não são feitas, os resultados são restritos a esse público. 

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