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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Álcool, café, abacate: veja o que pode interferir no efeito de remédios

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Marcia Di Domenico

Colaboração para o VivaBem

26/06/2018 04h00

Tão importante quanto ter à mão o remédio certo para o problema de saúde que se deseja tratar é saber quando tomá-lo. Afinal, aproveitar uma refeição para não se esquecer de ingerir o medicamento ou engolir o comprimido junto com um copo de leite, como muita gente faz, às vezes é um tiro no pé. A interação química de determinados tipos de fármacos com alimentos e bebidas pode se dar de algumas maneiras: diminuindo ou aumentando a absorção do princípio ativo – alterando, assim, o resultado do tratamento; interferindo no aproveitamento dos nutrientes da comida e até gerando reações adversas diferentes das previstas na bula.

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Como regra geral, os especialistas indicam tomar remédios sempre com água, além de ler a bula para conhecer possíveis interações com aquilo que você come e bebe. Veja aqui algumas combinações que podem colocar sua saúde em risco.

Álcool + estabilizadores do humor

De modo geral, deve-se evitar a combinação de bebida com todo e qualquer tipo de medicamento, embora nem sempre a associação vá causar danos graves. A mistura mais perigosa é com aqueles que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos, calmantes, remédios para dormir e anticonvulsivantes. Nesses casos, o álcool, que também atua diretamente no cérebro, tende a potencializar o efeito do fármaco, podendo provocar insônia, agitação, insuficiência respiratória, arritmia cardíaca e até levar ao coma.

O álcool também pode atrapalhar a absorção de certos remédios por ser processado no fígado, é o caso de antibióticos e anticoncepcionais. Não dá para afirmar que bebida alcoólica corta o efeito do remédio, o consumo conjunto pode sobrecarregar o órgão, mas o uso moderado não deve afetar o efeito do remédio. 

Vitamina K + anticoagulante

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O nutriente presente em couve, espinafre, repolho, couve-flor, couve-de-bruxelas, kiwi, abacate, entre outros vegetais, favorece a coagulação sanguínea e evita hemorragias. Quem toma medicamentos anticoagulantes à base de varfarina (pacientes que tiveram ou correm risco de desenvolver trombos, como portadores de doenças cardíacas), portanto, deve seguir as orientações médicas para a alimentação não diminuir a eficácia do remédio. Mas não se trata de abolir fontes de vitamina K, o que deixaria a dieta pobre. “A recomendação é manter a regularidade no consumo, ou seja, evitar comer muito dela em um dia e nada no outro”, fala o nutrólogo Nelson Iucif Jr., da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). “Assim, o médico consegue ajustar a dose segura e eficaz do medicamento”, completa.

Leite + antibiótico

O cálcio dos laticínios pode inativar o efeito da tetraciclina, antibiótico bastante usado no tratamento de acne e no combate a um amplo espectro de bactérias. O medicamento adere ao mineral e acaba tendo sua eficácia reduzida. A recomendação é dar um intervalo de uma hora entre a administração do antibiótico e a ingestão de leite, queijo ou iogurte. O cálcio também interfere na absorção do ferro presente em remédios para tratar anemia.

Cafeína + broncodilatadores

De acordo com o guia da FDA (agência de saúde americana) que informa sobre interações perigosas entre remédios e alimentos, não se deve associar produtos que contêm cafeína (chás preto e verde, refrigerantes, bebidas energéticas e chocolate, além de café) e remédios cujo princípio ativo é a teofilina (prescritos para asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica). Isso porque as substâncias se sobrepõem, elevando a toxicidade do medicamento e intensificando efeitos adversos como taquicardia e agitação. O mesmo pode acontecer ao misturar cafeína e o antibiótico ciprofloxacina, resultando em dor de cabeça, insônia e náusea.

Tiramina + antidepressivos

Queijos, vinho, embutidos, conservas e outros alimentos fermentados contêm tiramina, substância que pode reagir com antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) potencializando a absorção da droga pelo organismo e causando aumento súbito da pressão arterial e enxaqueca.

Fontes: Patricia Moriel, farmacêutica e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp; Nelson Iucif Jr., médico nutrólogo e diretor do Departamento de Nutrologia Geriátrica da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran); Bruna De Vivo, farmacêutica e gerente de negócios da rede ePharma.

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