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EUA aprova aplicativo como método contraceptivo; será que funciona mesmo?

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Do VivaBem

16/08/2018 10h46

O FDA, órgão que regula alimentos e drogas nos EUA, aprovou na sexta-feira (10) um aplicativo como um método eficaz na prevenção da gravidez. Chamado de Natural Cycles, o app calcula quais dias do mês uma mulher provavelmente será fértil, com base nas informações que ela insere sobre seu ciclo menstrual e a temperatura corporal basal. Mas nem todos estão convencidos de que ele representa o futuro da contracepção.

As mulheres que usam o aplicativo devem tirar suas temperaturas imediatamente após acordar todas as manhãs usando um termômetro basal que vem com o app. No total, o método custa US$ 79,99 por ano, cerca de R$ 310.

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Estudos clínicos para avaliar a eficácia do Natural Cycles como contraceptivo incluíram mais de 15.500 mulheres que usaram o método por uma média de oito meses. Entre as que usaram o aplicativo perfeitamente como indicado, 1,8% ficou grávida (o que é conhecido como a "taxa de falha"), de acordo com o FDA.

O aplicativo tinha uma taxa de falha de "uso típico" de 6,5%, e era responsável pela gravidez de mulheres que, às vezes, não usavam o aplicativo conforme as instruções e faziam sexo desprotegido em dias férteis.

Para se ter ideia, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA listam uma taxa de falha para pílulas anticoncepcionais de aproximadamente 9% e os DIUs hormonais têm taxas de falha inferiores a 1%.

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Segundo o próprio assessor do app, as mulheres não devem confiar apenas no método durante seus primeiros ciclos de uso
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Espécie de "tabelinha" é arriscada

Apesar de as taxas de falha conferidas pela FDA serem menores que as da pílula anticoncepcional, o aplicativo não deixa de ser uma espécie de "tabelinha", método que não é muito recomendado por especialistas.

Basear no ciclo menstrual da mulher é um método bem arriscado para evitar a gravidez. Ele sequer tem uma taxa no uso perfeito, já que isso é algo complicado de estabelecer. Em um estudo publicado no periódico Contraception em 2011 e realizado por pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, 24 dos cem casais que usaram a tabela --e e deixaram de transar ou usaram camisinha para ter relações nos dias férteis-- tiveram um bebê no período de um ano.

Em uma entrevista ao The Washington Post, Laura MacIsaac, ginecologista e obstetra da Escola de Medicina Icahn, em Nova York, afirmou que qualquer método de alta manutenção apresenta as maiores taxas de falha. "Não porque não funcionam biologicamente, mas porque não funcionam na vida das pessoas normais", disse.

Juan Acuña, ginecologista obstetra na Florida International University e assessor da Natural Cycles, disse que há uma visão de longa data de que a contracepção natural não é segura para prevenir a gravidez em mulheres férteis.

Isso porque esse método exige que as mulheres sejam educadas sobre seus ciclos e estejam dispostas a mapear quando estiverem férteis.

Mas, segundo ele, o Natural Cycles executa esses cálculos. Ainda assim, como para a maioria das outras formas de controle de natalidade, disse Acuña, as mulheres não devem confiar apenas no aplicativo durante seus primeiros ciclos de uso.

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