Topo

Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Em busca da fonte da juventude? Comece a fazer exercícios físicos

Idoso correndo maratona - iStock
Idoso correndo maratona Imagem: iStock

Do New York Times

21/03/2018 14h57

Permanecer fisicamente ativo enquanto envelhecemos pode ajudar a manter nosso sistema imune e nossos músculos robustos, segundo dois novos estudos inspiradores sobre ciclistas amadores idosos. Juntos, os experimentos se somam a provas segundo as quais nossas convicções sobre o envelhecimento podem estar ultrapassadas, e que podemos ter mais controle sobre o processo do que achamos.

Envelhecer costuma parecer inexorável e invariável e, em termos cronológicos, é assim mesmo. Os anos se acumulam no mesmo ritmo para todos nós. Porém, a reação de nossos organismos à passagem do tempo pode diferir. Enquanto a maioria se torna frágil, alguns permanecem ágeis.

Veja também

Tais diferenças levaram um grupo de cientistas britânicos a se perguntar se nossas crenças sobre o que é normal e inevitável com o envelhecimento físico podem estar limitadas ou incorretas e, em particular, se podemos estar ignorando o papel da atividade física.

O exercício entre adultos de meia-idade e idosos no mundo ocidental é raro. Pela maioria das estimativas, somente dez por cento das pessoas com mais de 65 se exercita com regularidade. Assim, nossas expectativas sobre o que é normal durante o envelhecimento são baseadas em como o envelhecer afeta as pessoas sedentárias.

Já esses cientistas britânicos, muitos deles atletas amadores, suspeitavam que o exercício pode ter um efeito sobre a trajetória do envelhecimento físico e, se fosse verdade, alterar nossas crenças sobre o que o envelhecimento "normal" significa.

Reflexo, memória e equilíbrio

Para testar essa possibilidade, decidiram procurar um grupo de homens e mulheres idosos que continuaram realizando atividades físicas e os encontraram entre ciclistas locais amadores. As dezenas de ciclistas, homens e mulheres, que terminaram recrutando tinham entre 55 e 79 anos, pedalavam há décadas e ainda somavam cerca de 650 quilômetros pedalados por mês. Nenhum era atleta de competição.

Para o estudo inicial com os ciclistas, publicado em 2014, os cientistas mediram uma ampla gama de habilidades físicas e cognitivas dos participantes, que foram comparadas com as de idosos sedentários e de homens e mulheres mais jovens. Os ciclistas demonstraram ter reflexos, memória, equilíbrio e metabolismo mais parecido com o de pessoas em torno dos 30 anos do que com o grupo idoso sedentário.

Essa análise, entretanto, deixou muitas dúvidas sobre exercícios e atividade física. Assim, para os dois novos estudos, ambos publicados neste mês em "Aging Cell", os pesquisadores decidiram mudar o foco da investigação e examinar de perto os músculos e as células T, componente-chave para o combate a infecções do sistema imune.

Na maioria das pessoas, a saúde muscular e a reação imunológica pioram após a meia-idade, com os efeitos acelerando década a década. Porém, havia indícios no primeiro estudo de que os ciclistas podem ser diferentes nesse sentido.

Assim, para um dos novos estudos, os pesquisadores examinaram o tecido muscular da perna de 90 dos ciclistas que já havia passado por biópsia. Queriam comparar vários marcadores da saúde muscular e funções na faixa etária dos ciclistas. Se os músculos dos ciclistas na casa dos 70 anos pareciam com os dos 20 anos mais jovens, então sua atividade física – no entender dos cientistas – muito provavelmente alterou e reduziu o arco supostamente "normal" do declínio muscular.

Ao mesmo tempo, outros cientistas mergulharam no sistema imune dos ciclistas, coletando seu sangue, além do de um grupo de idosos sedentários e de outro grupo de jovens adultos saudáveis. Os dois grupos de pesquisadores examinaram os dados e ambos concluíram que os ciclistas idosos não são como nós. São mais saudáveis. Em termos biológicos, eles são mais jovens.

Seus músculos geralmente mantinham o tamanho, composição das fibras e outros marcadores da boa saúde ao longo de décadas, com os que mais acumulavam quilômetros por mês apresentando os músculos mais saudáveis, qualquer que fosse a idade.

O impacto no sistema imune dos ciclistas também foi marcado. Em idosos sedentários, a produção de novas células T no timo era baixa. O timo de idosos inativos também se apresentava atrofiado, na comparação com o grupo mais jovem.

Já os ciclistas idosos tinham praticamente o mesmo número de células T no sangue quanto os jovens. Quem se exercitava também apresentava níveis elevados de outras células imunes que ajudam a prevenir reações autoimunes e de um hormônio que protege o encolhimento do timo.

Os pesquisadores supõem que os resultados dos dois estudos estão inter-relacionados. Os músculos são a fonte do hormônio que protege o timo. "Assim, mais músculo significa mais desse hormônio", afirma Janet Lord, diretora do Instituto de Inflamação e Envelhecimento da Universidade de Birmingham, Inglaterra, uma das autoras dos dois estudos.

O sistema imune dos ciclistas idosos não é, logicamente, impermeável ao envelhecimento. Muitas das células T existentes apresentavam sinais de senescência, isto é, elas ficaram frágeis e provavelmente não combateriam infecções tão bem.

Os resultados também estão limitados a ciclistas amadores britânicos. Eles não podem nos dizer se outros tipos e quantidades de atividade física teriam necessariamente os mesmos efeitos ou se alguém poderia começar a se exercitar, por exemplo, aos 60 anos, para ter o mesmo tipo de benefício que alguém que se exercitou a vida inteira.

No entanto, com todas essas limitações, "a mensagem dos estudos é que muito do que antes considerávamos inevitável no envelhecimento é, na verdade, evitável", diz Lord.


VIVABEM NAS REDES SOCIAIS
Facebook | Instagram | YouTube