Mais barato, novo tratamento para hepatite C garante 97% de chance de cura
Um tratamento acessível para hepatite C mostrou ser seguro e eficaz, com taxas de cura extremamente altas, inclusive para pacientes com casos difíceis de tratar, de acordo com os resultados de um ensaio clínico provisório, apresentado pela organização de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos DNDi (iniciativa de Drogas para Doenças Negligenciadas), na França.
A DNDi está trabalhando com a farmacêutica egípcia Pharco Pharmaceuticals para trazer um tratamento combinado de dois medicamentos para a doença, o ravidasvir (novo) e o sofosbuvir (já usado, inclusive no Brasil), para países que não podem pagar os altos custos do tratamento atual.
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O tratamento deve custar US$ 300 por 12 semanas, ou US$ 3,50 por dia, uma queda de quase 100% dos preços de tratamento existentes na Malásia, por exemplo, onde o custo de outros medicamentos para hepatite C produzidos por grandes farmacêuticas chega a dezenas de milhares de dólares.
No Brasil, a ideia é que, com o novo modelo, o valor por tratamento caia de U$ 6,9 mil para U$ 3 mil, possibilitando a inclusão de até três vezes mais pessoas do que as atendidas atualmente no SUS.
A DNDi disse que 97% dos pacientes foram curados após serem tratados com a pílula combinada por 12 semanas. Mesmo casos difíceis de tratar, como pessoas com HIV ou cirrose hepática, apresentaram taxas de cura muito altas, de 96% e 97%, respectivamente.
"Os resultados indicam que a combinação sofosbuvir e ravidasvir é comparável às melhores terapias de hepatite C disponíveis atualmente, mas tem um preço acessível e poderia permitir uma opção alternativa em países excluídos dos programas de acesso a empresas farmacêuticas", diz Bernard Pécoul, diretor executivo da DNDi.
Teste comprovou eficácia
A DNDi conduziu um experimento com 301 adultos cronicamente infectados para avaliar a eficácia, segurança e tolerância do medicamento candidato ravidasvir combinado com sofosbuvir. Os participantes sem cirrose no fígado foram tratados por 12 semanas e os com cirrose por 24 semanas. Após o término do tratamento, as taxas de cura foram muito altas: 96% das pessoas com cirrose hepática foram curadas, 97% das pessoas vivendo com HIV e que usam seu tratamento usual, 97% das pessoas infectadas com genótipo 3 (um dos mais graves), incluindo aquelas com cirrose (96%).
"Do ponto de vista do provedor de tratamento, isso é muito estimulante, pois esperávamos por um tratamento robusto, acessível e simples, tolerado por todos os grupos de pacientes, incluindo aqueles cujos resultados são atualmente mais fracos, como pacientes sob terapia antirretroviral", disse Pierre Mendiharat, vice-diretor de operações dos Médicos Sem Fronteiras. "Isso será crucial para expandir o tratamento às categorias mais vulneráveis de pacientes nos países em desenvolvimento."
Hepatite C afeta milhões
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a hepatite C afeta 71 milhões de pessoas no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 27 mil pessoas foram diagnosticadas no Brasil em 2016. Apesar de hoje ser considerada uma doença curável em 98% dos casos, o problema preocupa os médicos por ser silencioso, já que não tem sintomas, e causar lesões graves no fígado, que inclusive podem ser fatais.
Para seguir a recomendação da OMS e erradicar a doença até 2030, testes rápidos de diagnósticos são disponibilizados pelo SUS, assim como um tratamento eficaz. “Até 2017 o Brasil não tinha um tratamento universal para a hepatite C. Antes, o governo tratava apenas pacientes com genótipos 3 e 4, os mais graves, e em algumas situações pessoas com o tipo 2”, diz Sergio Cimerman, presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). “Agora, neste ano, o país resolveu tratar todos os doentes, independente do grau de lesão no fígado.”
Não existe vacina contra a hepatite C, mas o tratamento é eficaz e disponível no SUS. De acordo com Cimerman, o protocolo aprovado e divulgado em julho do ano passado incluirá todas as drogas que já eram disponibilizadas para o tratamento e outras duas novas (viekira e vepatier). “O grande benefício do tratamento atual é que todas as drogas tratam com 12 semanas, em vez de um ano, como era antes. Além disso, os efeitos colaterais praticamente não existem.”
O presidente da SBI ainda confirmou que mais duas drogas (maviret e epiclusa) serão aprovadas ainda neste ano e beneficiarão ainda mais quem já faz o tratamento, já que podem ser utilizadas em todos os tipos de genótipos. Segundo Cimerman, os medicamentos disponíveis hoje apresentam chance de cura de 90% a 98%.
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