Antidepressivos podem favorecer ou blindar o desenvolvimento de Alzheimer?
Como ainda não tem cura e nem uma causa determinante conhecida, o Alzheimer gera muita preocupação nas pessoas. Isso faz surgir diversas teorias populares e até algumas pesquisas não muito confiáveis. Entre as informações que circulam está a de que medicamentos para depressão podem proteger do Alzheimer, já que esses remédios agem no cérebro. Mas também há quem defenda exatamente o contrário: muitos acreditam que os antidepressivos, na verdade, estimulam a doença neurodegenerativa.
Remédios para depressão causam Alzheimer?
Não há comprovação disso. Algumas pesquisas até apontam a correlação entre pessoas que tomam antidepressivos e o Alzheimer. No entanto, a depressão em si está mais ligada ao Alzheimer do que os remédios. Isso porque, o estado depressivo, o mau humor e a irritabilidade causam inflamação nos neurônios. Quando constante, essa inflamação pode levar ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Além disso, a depressão é caracterizada, entre outros sintomas, pela perda de interesse por diversas atividades. O cérebro é muito adaptativo. Se a pessoa não se interessa por nada e usa pouco a mente, ele entende que algumas de suas funções não são mais necessárias e começa um processo de "desligar".
O antidepressivo pode proteger os neurônios e evitar o Alzheimer?
O pensamento comum é o seguinte: se o medicamento combate a depressão, ele impede a inflamação crônica dos neurônios e, consequentemente, a degeneração do cérebro. Mas na prática não funciona assim. Como qualquer droga com fins médicos, o objetivo do antidepressivo é reestabelecer o funcionamento normal do organismo. Ou seja, ele não vai blindar os neurônios, apenas garantir que eles "trabalhem" corretamente. Portanto, não é certo cravar que os antidepressivos evitam o Alzheimer.
Fontes: Cícero Galli Coimbra, docente do departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp); Bruno Funchal, médico neurologista e membro do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês e Eduardo Sequerra, pesquisador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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