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O que pode ser?

A partir do sintoma, as possíveis doenças


Hemorroida: risco aumenta após os 40; entenda problema e como evitá-lo

Dor no ânus, presença de sangue nas fezes ou no papel higiênico após se limpar são sinais de hemorroida - iStock
Dor no ânus, presença de sangue nas fezes ou no papel higiênico após se limpar são sinais de hemorroida Imagem: iStock

Tatiana Pronin

Colaboração para o UOL VivaBem

18/06/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Cerca de metade da população já teve ou vai ter algum sintoma de doença hemorroidária
  • O tratamento pode envolver medidas simples, como aumentar o consumo de fibras e água
  • A cirurgia é indicada apenas para a minoria dos casos e as técnicas avançaram bastante

Ninguém gosta de sair por aí dizendo que está com hemorroida, mas o fato é que o problema é extremamente comum e, apesar de não ser grave, é bastante desconfortável. Sangramento e dor são as manifestações mais frequentes das veias dilatadas na região do ânus, sendo que, em alguns casos, o vaso doente pode se projetar para fora, gerando uma saliência ou nódulo que é chamada pelos médicos de prolapso.

Pesquisas mostram que metade da população adulta vai ter algum episódio ao longo da vida, embora nem todo caso exija tratamento. O problema é pouco comum antes dos 20 anos de idade, e o risco aumenta após os 40 anos.

Hemorroida ou doença hemorroidária?

Todo mundo tem vasos sanguíneos na região do ânus que se dilatam e se retraem durante os movimentos intestinais. Só quando elas produzem sintomas é que se fala em doença hemorroidária.

Tipos de hemorroida

A hemorroida pode ser classificada como interna, se estiver localizada dentro do canal do ânus, ou externa, se estiverem para fora, na borda do ânus.

Fatores de risco

A postura ereta dos seres humanos já leva a um aumento natural da pressão sobre as veias da região anal. Porém, algumas pessoas podem ter uma tendência genética ao problema, agravadas por determinados fatores ambientais.

Veja, a seguir, os principais fatores de risco para hemorroidas:

  • Hereditariedade (a propensão genética é considerada o principal fator de risco)
  • Esforço na hora de evacuar
  • Constipação ou fezes ressecadas (em geral devido à hidratação insuficiente e/ou baixo consumo de fibras)
  • Diarreia
  • Uso crônico de laxantes
  • Obesidade
  • Gravidez (com frequência no fim da gestação, quando o peso sobre as veias da região anal é maior)
  • Envelhecimento (com o passar da idade há perda de colágeno e os vasos sanguíneos ficam mais propensos a descer)

Pimenta e condimentos causam o problema?

Alimentos apimentados ou condimentados podem causar irritação e desconforto para quem está com hemorroida, mas não é possível dizer que esses itens causam o problema.

Sexo anal pode causar hemorroida?

A prática não causa o problema, mas o sexo anal deve ser evitado enquanto a pessoa tiver com a doença hemorroidária ou qualquer outro desconforto na região anal, a fim de evitar dores, inflamação e machucados.

Jairo, tenho hemorroida, posso fazer sexo anal mesmo assim? Há perigo?

VivaBem

Sintomas

  • Sangramento anal, com ou sem dor
  • Presença de sangue (geralmente vermelho vivo) nas fezes ou no papel higiênico, após a limpeza
  • Coceira ou irritação no ânus
  • Sensação de latejamento
  • Dor contínua ou ao evacuar
  • Sensação de evacuação incompleta
  • Nódulo doloroso ao redor do ânus (prolapso)

Atenção: outras doenças, além da hemorroidária, podem causar sangramento anal, por isso é importante procurar o médico sempre que isso acontecer.

Complicações

As complicações das hemorroidas mais frequentes são sangramento, dor e trombose hemorroidária (entupimento do vaso que pode provocar dor aguda).

Hemorroida pode virar câncer?

Não, não há qualquer relação entre hemorroidas e câncer de reto. Porém, como as duas doenças podem provocar sangramentos, é preciso procurar sempre um coloproctologista ou cirurgião do aparelho digestivo para avaliação.

Diagnóstico

A doença hemorroidária pode ser diagnosticada no próprio consultório médico, com exame físico da região anal. O profissional também pode solicitar uma anuscopia, exame rápido e indolor em que um tubo fino é inserido no reto. Exames complementares podem ser solicitados.

Tratamentos

Dependendo do grau da hemorroida, que pode variar de 1 a 4, o tratamento pode ser muito simples, apenas com modificações comportamentais e/ou uso de pomadas. Nos casos mais graves (estimados em menos de 5% do total), a cirurgia é indicada, mas as técnicas avançaram bastante, facilitando a recuperação dos pacientes. Veja, a seguir, detalhes sobre cada linha de tratamento:

Mudanças comportamentais Incluir mais fibras e água na dieta, para facilitar a evacuação, reduzir o consumo de álcool, café e condimentos (para reduzir o desconforto), trocar o papel higiênico por lenços umedecidos ou ducha higiênica e utilizar roupa íntima que não aperte podem ser medidas sugeridas pelos médicos.

Banhos de assento Para hemorroidas externas, alguns minutos em água morna pode trazer alívio aos sintomas.

Medicamentos Pomadas ou supositórios podem ser indicados para diminuir a inflamação e a dor local.

Procedimentos locais A chamada ligadura elástica ou esclerose utiliza dispositivos que fazem a veia dilatada encolher. Após a cicatrização, que leva alguns dias ou semanas, o tecido é eliminado. Em geral esses procedimentos podem ser feitos no próprio consultório, com baixo risco de complicações e dor.

Cirurgia A hemorroidectomia clássica é a retirada cirúrgica, com anestesia, dos chamados mamilos hemorroidários. O procedimento tem baixo índice de recidiva, mas tem um pós-operatório mais longo. Nos últimos anos surgiram algumas técnicas menos invasivas, como o chamado grampeamento, indicado para hemorroidas internas e prolapso, e também a desarterialização hemorroidária transanal (THD). Ambas permitem o retorno ao trabalho após uma semana, em média.

Fitoterápicos ajudam?

Existe um produto conhecido como castanha-da-Índia, em cápsulas, que ajuda a melhorar a circulação sanguínea e costuma ser utilizada por quem tem tendência a hemorroidas, mas nem todos os médicos confiam na sua eficácia.

Prevenção

- Tenha uma dieta rica em fibras (a recomendação é ingerir cerca de 25 gramas ao dia), o que pode ser conseguido com refeições ricas em vegetais, frutas e cereais integrais. Quem sofre com prisão de ventre e tendência à hemorroida pode se beneficiar de produtos indicados pelo médico para facilitar as evacuações.

- Tome água. A quantidade indicada varia de acordo com a idade, a alimentação e o clima, mas consumir líquidos ao longo do dia é fundamental para que as fibras ingeridas exerçam sua função.

- Evite o sedentarismo.

- Evite excesso de álcool, pimenta e outros condimentos, que podem irritar o trato gastrointestinal, especialmente se você costuma ter hemorroida.

- Troque o papel por lenço umedecido. O uso exclusivo do papel higiênico pode machucar a região por atrito e nem sempre remove adequadamente os resíduos fecais. O ideal é fazer a higiene com água (não há necessidade de sabão) e usar o papel apenas para secar, ou então utilizar lenço umedecido.

Fontes: Ronaldo Salles, proctologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP); Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo e proctologista do Hospital 9 de Julho e membro da Sociedade Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC); US National Library of Medicine - NIH (National Institutes of Health); Portal Coloproctologia (SBC); Ministério da Saúde

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