Paula Fernandes quer congelar óvulos; saiba como funciona a técnica
Resumo da notícia
- Paula Fernandes comentou desejo de congelar óvulos, prática que tem se tornado comum em mulheres perto dos 35 anos que ainda não pensam em ter filhos
- Técnica também é indicada para mulheres diagnosticadas com alguns tipos de câncer, antes de submeterem a procedimentos que afetam a fertilidade
- Para fazer, é preciso usar remédios que estimulam a produção de óvulos. Depois uma injeção ajuda no amadurecimento e a coleta é feita
- Mas o congelamento não garante que as chances de gravidez aumentem, mesmo com óvulos jovens a fertilização tem até 60% de dar certo
A cantora Paula Fernandes, que tem 34 anos e está solteira, anunciou nesta semana em entrevista canal no YouTube de Thais Fersoza que pretende congelar seus óvulos. "Vou fazer porque é necessário. É um conforto pra gente", disse. "Filhos são resultado de uma relação bem-sucedida".
Segundo médicos consultados pelo UOL Viva Bem, é cada vez maior o número de mulheres que procuram essa técnica para aumentar as chances de uma gravidez futura. Isso porque a técnica permite que elas tenham um estoque de óvulos de boa qualidade e em quantidade ideal para tentar uma fertilização no momento em que desejarem tiver ter filhos.
"Antigamente, a gente fazia o procedimento uma vez a cada mês, no máximo. Hoje já realizamos um por semana", afirma o médico ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e das sociedades brasileiras de Reprodução Humana (SBRH) e de Reprodução Assistida (SBRA).
Ele explica que, além de mais conhecida, a técnica ficou mais eficiente nos últimos cinco anos, o que fez aumentar a procura.
Além disso, tem sido mais frequente o número de mulheres que, assim como Paula Fernandes, estão se aproximando dos 35 anos, têm vontade de ter filhos, mas não encontraram o parceiro ideal ou não querem interromper a carreira ou os estudos. "Ela é um ótimo exemplo, porque é jovem e tem o perfil ideal para congelar", afirma Beatriz Mattos, bióloga embriologista e diretora da clínica FertilCare.
"Após os 35 anos, há uma queda natural da fertilidade, da qualidade e da quantidade de óvulos, por isso dizemos que o indicado é coletar o material até essa idade", afirma Claudia Gomes Padilla, médica especialista em reprodução humana e diretora médica do Grupo Huntington.
Enquanto as chances de efetividade de uma fertilização com óvulos de uma mulher de 35 anos cheguem a 60%, elas caem para menos de 10% após os 40 anos.
O congelamento de óvulos também é recomendado para mulheres diagnosticadas com alguns tipos de câncer, antes de submeterem às sessões de quimio e radioterapia, procedimentos que acabam afetando a fertilidade.
Como funciona
Os médicos explicam que o processo se assemelha a uma fertilização in vitro. Na primeira consulta, o especialista deve solicitar uma série de exames, que vão desde os de rotina ginecológica, para detectar hepatite, HIV e outras viroses, até os específicos, que medem a quantidade e qualidade dos óvulos.
O próximo passo é a estimulação hormonal da ovulação, feita por meio da aplicação de injeções subcutâneas por cerca de dez dias. "Nesse período, a mulher precisa realizar ultrassons todos os dias para verificar o crescimento dos folículos nos ovários", explica a médica Claudia Padilla.
Por conta dos hormônios, é comum que as mulheres sintam sintomas de uma tensão pré-menstrual mais forte, como inchaço e mudanças de humor. "Mas não engorda", diz Padilla.
Em seguida, aplica-se uma última injeção, que induz o amadurecimento dos óvulos. Dois dias depois, é realizada a coleta do material, o que é feito na clínica com a mulher sedada. Em geral, é preciso realizar o processo por no mínimo dois ciclos, para atingir o número ideal de óvulos, de dez a 20.
Esse material pode ficar guardado no laboratório por tempo indeterminado, até que a mulher decida engravidar. Quando isso acontece, os óvulos são descongelados e é realizada a fertilização. "Recomendamos que isso seja feito até os 50 anos, porque com essa idade aumentam os riscos de pressão alta e diabetes gestacional", afirma o médico Geraldo Caldeira.
Os especialistas destacam que, apesar de aumentar as chances de gravidez, o congelamento não é uma garantia de que isso aconteça. "O ideal é tentar da forma natural, ainda jovem, mas a gente sabe que isso nem sempre é possível. O congelamento é mais uma opção, mas não devemos depositar todas as esperanças nele, porque, mesmo com óvulos jovens, a fertilização tem até 60% de dar certo", explica Beatriz Mattos.
Caso a mulher já tenha um parceiro, mas entenda que aquela ainda não é a melhor hora para ser mãe, Mattos diz que uma opção é congelar embriões. "Assim a gente aumentar as possibilidades", diz.
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