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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Saiba como a superproteção dos pais tem impacto na resiliência em adultos

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Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Do UOL VivaBem, em Brasília*

06/06/2019 15h06

Resumo da notícia

  • Filho superprotegidos pelos pais podem ter dificuldades em desenvolver resiliência, pois são menos expostos a elementos estressores
  • O estresse ajuda na formação da bainha de mielina em neurônios do córtex pré-frontal, o que influencia na regulação da vigilância

Em algum momento da vida você já associou o estresse a coisas ruins, certo? No entanto, a psiquiatra Fernanda Krieger, especialista em infância e adolescência e doutora pela USP (Universidade de São Paulo) explica que esse sentimento pode trazer ganhos para lidar com situações adversas, principalmente na infância.

Em sua palestra na última quarta-feira (5) no Congress on Brain, Behavior Emotions, em Brasília, Krieger mostrou como o estresse pode melhorar a capacidade de resiliência. Ela usou como referência um estudo de 2004, em que cientistas analisaram macacos que estavam em processo de desmame. Os filhotes possuíam autonomia, mas ainda eram bem próximos às mães.

Durante o experimento eles foram separados por uma hora das mães diariamente durante uma semana, o que gerou agitação e desconforto de ambos os lados. Porém, para a surpresa dos pesquisadores, nestes episódios de estresse controlado, as mães e os filhotes passaram a tolerar a separação e lidar melhor com situações novas e difíceis.

Ao trazer para a realidade humana, os especialistas acreditam que isso diz muito sobre as relações de superproteção entre pais e filhos. "Se os responsáveis superprotegem, formam crianças frágeis", diz a especialista.

Mas o que é resiliência?

Segundo Krieger, resiliência é um processo em construção e tem a ver com experiências prévias adquiridas ao longo da vida e com um estresse controlado, e não apenas diante de grandes traumas. "A resiliência vai se construindo ao longo de pequenos estressores, por isso passar por situações adversas na infância ajuda a lidar com o estresse na vida adulta", diz.

Existe até uma explicação biológica para isso: o estresse intermitente aumenta a formação de uma camada protetora nos neurônios de regiões do córtex pré-frontal. Essa região controla a regulação da vigilância e, consequentemente, a resiliência.

Resiliência na vida adulta

De acordo com o trabalho científico, indivíduos que passam por situações de estresse na infância refletem suas habilidades na vida adulta de diversas formas, algumas delas podem ser:

  • Lidar melhor com o estresse e esforço;
  • Tender a não fugir, mesmo com medo de situações adversas;
  • Possuir autocontrole;
  • Reavaliar, reinterpretar e lidar bem com situações adversas.

* Repórter viajou a convite do Congress on Brain, Behavior Emotions

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