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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Você é sarcástico? Isso pode indicar mais criatividade e boa saúde mental

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o UOL VivaBem

24/05/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O sarcasmo pode ser mal interpretado, mas é um sinal de criatividade e até mesmo indica que a pessoa tem boa saúde mental
  • Quando bem utilizado ele pode ajudar na socialização e a quebrar o gelo em situações

Aquela dose de humor misturada com um tom ácido caracteriza o sarcasmo. Quem tem esse traço em sua personalidade consegue verbalizar de forma agressiva, porém, socialmente aceita. O sarcasmo acontece na interação entre pessoas, podendo ser bem recebido ao ser interpretado com humor, mas ser reconhecido como ofensivo. E apesar dessa característica tênue entre o divertido e o grosseiro, ele tem um lado positivo.

Indica mais criatividade

O sarcástico, muitas vezes, não planeja verbalizar algo com a intenção de machucar. É um processo quase involuntário mostrando sua perspicácia para avaliar determinada situação. Isso porque o sarcástico utiliza mais as funções cognitivas como atenção, linguagem e percepção. E segundo pesquisa realizada pela Universidade de Columbia, Harvard e a INSEAD Business School, o sarcasmo força o cérebro a trabalhar mais para conseguir decodificar o sentido da frase, estimulando os processos criativos.

No entanto, mesmo estimulando a criatividade ao forçar o cérebro no entendimento desse tipo de linguagem, o sarcasmo pode criar um desconforto devido ao seu tom mais agressivo, que pode ser mal interpretado. Na prática, o sarcasmo não é um defeito, mas exige bom senso. Na medida, não faz mal a ninguém!

Sinaliza boa saúde mental

Proferir ou compreender o sarcasmo exige inteligência mais afiada. Por isso, pacientes com certos padrões de dano neurológico tem dificuldade em reconhecê-lo. "São sobretudo pacientes com danos nos lobos frontais, que está relacionado com a tomada de perspectiva, ou seja, se colocar no lugar do outro, e o entendimento de pistas emocionais muito sutis. Isso mostra a complexidade dele", explica Daniel Mograbi, professor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio).

Pode ajudar na socialização

Ok, nem todas as pessoas aceitam um comentário sarcástico. Porém, sabendo dosá-lo é possível manter um bom relacionamento social. Afinal, brincar alivia a dor, cria uma leveza. O sarcasmo normalmente é bastante hostil, mas ainda assim consegue unir inteligência e rapidez, tendo potencial para se tornar algo divertido.

O único cuidado é conferir em quais grupos esse tom é bem aceito. Em alguns ambientes ou situações vale dar uma freada para não ser mal interpretado. Mas, em geral, o sarcástico gosta de se conectar com pessoas que compreendem o seu humor e conseguem tolerá-lo sem más interpretações.

Quem convive com o sarcasmo tende a aceita-lo melhor. Por isso, o senso de humor acaba prevalecendo e diminuindo a tensão mesmo em situações de conflito e estresse. E isso mostra que o sarcasmo pode encontrar um bom convívio, pois indica habilidade nas interações sociais. Uma pesquisa realizada pela neurofisiologista Katherine Rankin, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, identificou que o sarcasmo, que é ao mesmo tempo divertido e negativamente desagradável, desempenha um papel importante na interação social humana. E como em qualquer outra forma de comunicação, o que vai mensurar bom ou ruim é a dose e o uso que se faz dele.

Sarcásticos também têm afeto

É importante compreender que este é um comportamento natural e inevitável, portanto, sem a real intenção de ofender. Existe muito pensamento simbólico envolvido no sarcasmo, por isso é fundamental separar o sentido literal e o pretendido. No sarcasmo o que é falado não é necessariamente o que se está querendo dizer. Portanto, são pessoas afetivas e que buscam muitas vezes interações benignas.

Fontes: Andrea Lorena da Costa Stravogiannis, psicóloga e Doutoranda em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP); Daniel Mograbi, professor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio); e Dora Tognolli, psicanalista membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

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