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Anvisa recolhe remédios para hipertensão; você deve parar de tomar o seu?

Órgão determinou recolhimento de lotes específicos do produto, visando a proteção da saúde da população - iStock
Órgão determinou recolhimento de lotes específicos do produto, visando a proteção da saúde da população Imagem: iStock

Gabriela Ingrid

Do UOL VivaBem, em São Paulo

09/05/2019 16h51

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recolheu 180 lotes de medicamentos usados no tratamento para hipertensão arterial, após encontrar em suas fórmulas pequenas quantidades de nitrosaminas, substâncias relacionadas ao aumento no risco de câncer.

Segundo a Agência somos expostos à nitrosaminas diariamente, uma vez que elas estão presentes na água e na comida, como em carnes processadas e defumadas. Elas também podem ser encontradas naturalmente em vegetais frescos. "Em quantidades mínimas, essas substâncias não oferecem riscos, mas não deveriam estar presentes em medicamentos", diz um comunicado da Anvisa.

As impurezas encontradas nas "sartanas", como a losartana, valsartana, candesartana, olmesartana e irbesartana, que são ingredientes utilizados em medicamentos para a pressão alta, são classificadas como potenciais carcinogênicos para seres humanos, o que significa que a exposição a longo prazo pode aumentar o risco de se desenvolver câncer.

"Nossa preocupação com a contaminação de medicamentos é porque estes não devem trazer risco adicional aos pacientes que os consomem, uma vez que esses medicamentos devem ser tomados diariamente e, muitas vezes, pelo resto da vida do paciente", esclareceu a Anvisa.

A caça pela substância em medicamentos começou em 2018, quando a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) identificou a presença de um dos tipos de nitrosamina no princípio ativo valsartana produzido por uma empresa chinesa. Desde então, a agência europeia vem analisando uma série de "sartanas" em diversos outros fabricantes.

Como o número de medicamentos listados com nitrosaminas é alto, a retirada dos lotes pode causar dúvidas entre os usuários. Veja abaixo algumas questões esclarecidas:

  • Meu remédio está entre os lotes recolhidos, devo parar de tomar imediatamente?

Não. Para quem tem em casa o medicamento com o mesmo número de algum lote recolhido, a Anvisa orienta que o tratamento de hipertensão não seja interrompido até que se faça a troca por outro medicamento. Isso porque a interrupção pode causar sérios prejuízos imediatos, como risco de morte por derrame, ataques cardíacos e insuficiência renal.

  • Eu posso trocar meu remédio por algum outro anti-hipertensivo por conta própria?

Não. O uso dos medicamentos é determinado de acordo com o perfil do paciente e a presença de outras doenças. Por isso é importante que seu médico sugira um remédio específico para o seu caso.

A troca do medicamento deve ser feita mediante orientação de um médico ou de um farmacêutico. O paciente também pode entrar em contato com a empresa, por meio do serviço de atendimento ao consumidor, e solicitar a troca do seu medicamento que consta na lista de lote recolhido.

  • Mas eu já tomei alguns remédios dessa caixa: corro algum risco?

Apesar das novas informações sobre a presença de nitrosaminas em medicamentos, a Anvisa esclarece que o consumo desses remédios não oferece risco imediato para as pessoas que fazem uso deles e que eles são eficazes para o tratamento de pressão alta, mas recomenda que sejam trocados por outro de igual valor terapêutico. O problema seria realmente tomar o medicamento do lote citado na lista por um longo período e em altas doses.

O risco de câncer associado ao consumo contínuo do medicamento é de 0,00017%, ou seja, uma em cada 6.000 pessoas que tomaram o medicamento contaminado na dose máxima, todos os dias, por cinco anos seguidos. É um risco mínimo, se comparado com os dados da incidência de câncer no Brasil.

Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), são 600 mil casos de câncer no Brasil por ano, ou seja 0,003% da população têm algum tipo de tumor maligno por ano. "Portanto, o risco de câncer devido a outros fatores é muito maior do que o risco de câncer pela ingestão de medicamentos contaminados", conclui a Anvisa.

  • Mesmo que meu remédio não esteja nesses lotes, devo ter medo?

Não. O recolhimento determinado pela Agência atinge apenas lotes específicos de medicamentos. Se o seu remédio não consta na lista, ele provavelmente não contém impurezas.

  • Por que nem todos os lotes dos medicamentos têm essa substância?

Segundo a Anvisa, a identificação dessas impurezas ocorreu de forma inesperada e pode estar relacionada à forma como a substância ativa (o insumo) é fabricada. Por isso apenas alguns lotes foram contaminados.

Fontes: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); informações de matéria publicada no dia 25/09/18.

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