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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Animal doméstico passa doenças? Entenda 4 problemas transmitidos pelos pets

Se não forem bem cuidados, os pets podem transmitir doenças graves aos humanos - iStock
Se não forem bem cuidados, os pets podem transmitir doenças graves aos humanos Imagem: iStock

Renata Turbiani

Colaboração para o UOL VivaBem

29/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O contato cada vez mais próximo dos humanos com os animais de estimação tem facilitado a transmissão de doenças graves
  • Geralmente, os problemas são 'passados' por pets que não estão sendo cuidados adequadamente ou vivem em locais com incidência de patologias
  • Manter o ambiente limpo, evitar o contato do seu bichinho com animais estranhos e seguir o protocolo de vacinação é importante para prevenir problemas

O Brasil tem a segunda maior população de cães, gatos e aves canoras e ornamentais do mundo. De acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), são 132,4 milhões de pets. Apesar de encantadores, para viver em harmonia com os bichinhos é preciso atenção.

O que acontece é que o contato cada vez mais próximo com os humanos tem facilitado a transmissão de uma série de doenças, muitas extremamente graves. Conhecidas como zoonoses, essas enfermidades são naturalmente transmissíveis entre animais e homens e representam uma importante ameaça à saúde e ao bem-estar da população.

Antes de entender melhor alguns desses problemas, é importante destacar que não são todos os pets que oferecem o risco. Geralmente, as doenças são transmitidas por animais que não estão sendo cuidados adequadamente ou vivem em locais com incidência destas patologias e com saneamento precário. Por isso, é importante manter o espaço onde o bichinho vive sempre limpo, evitar contato com animais estranhos, visitar constantemente o veterinário e respeitar os protocolos de vacinação e vermifugação.

Raiva

A raiva é uma doença infecciosa viral, caracterizada como uma encefalite progressiva e aguda (inflamação do sistema nervoso central). Ela é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, mas também por arranhadura e/ou lambedura. Qualquer mamífero corre o risco de ser infectado e repassá-la.

Seu período de incubação varia de acordo com a espécie, podendo ser dias até anos. Nos cães e nos gatos, normalmente, leva de 15 a 60 dias e, no homem, de 45 a 60 dias. Após esse tempo, surgem os sintomas, que duram de dois a dez dias. Nos pets, os sinais são alterações comportamentais, dificuldade de se movimentar, paralisias de músculos e membros, agressividade, salivação abundante e inquietude.

Nos homens, a patologia provoca mal-estar, febre, falta de apetite, dor de cabeça, dor de garganta, vômitos, irritabilidade, sensação de angústia, hipersensibilidade à luz e ao barulho, medo de água, dificuldade para engolir, confusão mental, paralisia motora, espasmos musculares e convulsão.

Gravíssima, a raiva tem taxa de mortalidade de quase 100%, tanto nos bichos quanto nos humanos, sendo que o óbito acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas. Ela pode ser evitada com a vacinação anual --é aplicada a partir dos três meses de vida do cachorro e do gato. No homem, se tratada a tempo, o que também se dá com vacina (quatro doses no braço), existe uma pequena chance de cura.

Leishmaniose visceral

Outra zoonose bastante preocupante e perigosa é a leishmaniose visceral. Causada por um protozoário, ela é transmitida por insetos flebótomos, conhecidos popularmente como mosquito palha ou birigui, e tem, no ambiente urbano, o cão como principal fonte de infecção para o vetor.

Diferentemente da raiva, sua transmissão não se dá com o contato direto entre o animal e o homem. Ela acontece quando a fêmea do inseto se contamina ao picar um cachorro infectado e, em seguida, uma pessoa. O período de manifestação é de dois a oito meses, mas, a literatura médica diz que pode levar até dois anos. Indivíduos com baixa atividade do sistema imunológico, crianças e idosos são mais suscetíveis.

Perda de peso e de apetite, aumento do fígado e do baço e anemia são sintomas comuns em humanos e pets. Em nós, também ocorre febre constante e diminuição da força muscular. Já os bichos podem apresentar ainda feridas, descamação da pele, queda de pelo, crescimento acelerado das unhas e conjuntivite.

Até pouco tempo, a eutanásia era a única alternativa para os cães com esta enfermidade. Hoje em dia, no entanto, existe tratamento, mas ele só promove a cura clínica. Isso significa que o animal continuará sendo uma fonte de infecção para o vetor. Também há vacina, só que sua eficácia não é um consenso. Nos homens, a doença é tratável e curável.

A melhor forma de prevenir a leishmaniose visceral é combater a proliferação do mosquito que transmite a doença. Para isso, deve-se adotar medidas simples, como manter a casa e o quintal sempre limpos e livres de matéria orgânica, instalar telas de proteção nas janelas para evitar a entrada do inseto e colocar no animal coleiras repelentes.

Esporotricose

A esporotricose é um problema de pele causado por fungo da espécie Sporothrix spp, que habita a natureza e está presente no solo. Transmitida por contágio direto entre seres humanos e gatos, antigamente era conhecida como "doença do jardineiro", pois acometia mais comumente estes profissionais, bem como agricultores e pessoas que lidavam com a terra.

Os felinos adquirem a doença ao se machucarem em brigas com outros felinos contaminados. Para o ser humano, é passada principalmente por meio de mordidas e arranhões. A esporotricose leva de sete a 15 dias para se manifestar. Os primeiros sintomas são lesões avermelhadas e doloridas, com ou sem pus, e febre. Há casos em que o mal se espalha pela corrente sanguínea, podendo atingir os ossos e os órgãos. Nos animais, surgem feridas que não cicatrizam.

Essa enfermidade não é considerada grave e tem cura, mas desde que diagnosticada rapidamente. Ainda assim, seu tratamento, feito com medicamentos antifúngicos orais, costuma ser demorado --são cerca de seis meses. Os registros de morte são raros em seres humanos.

A prevenção consiste em manter os bichanos longe das ruas. Quem precisar manipular animais doentes tem de usar luvas e lavar o local onde eles ficam com água sanitária. Em caso de morte, o corpo do felino jamais deve ser enterrado ou jogado no lixo, pois o fungo sobrevive e pode contaminar o meio ambiente. Nesta situação, a cremação é a única saída.

Psitacose

Pouco falada, a psitacacose (ou ornitose, febre dos papagaios e clamidiose) é uma zoonose que acomete os pássaros, principalmente os psitacídeos (papagaio, arara, cacatua, periquito e calopsita). Ela é transmitida por uma bactéria, a clamídia, que entra no organismo humano quando aspiramos poeira contaminada pelas fezes, penas ou secreções de animais doentes ou portadores.

O período de incubação é de três a 100 dias nos animais, e de uma a quatro semanas nos humanos. Nos pets, o problema pode levar à morte e tem como sintomas mais comuns dificuldades respiratórias, sonolência, abatimento, fraqueza, perda de apetite e peso, diarreia e infecções oculares, como conjuntivite. .

Nos humanos, como os sinais podem ser inespecíficos, a doença muitas vezes passa despercebida e, no início, é frequentemente confundida com uma gripe. Ela causa febre, prostração, tosse, cefaleia e calafrios, acompanhados de acometimento das vias aéreas superiores ou inferiores. Pode ainda ter quadro similar ao de uma pneumonia.

Em geral, é uma doença leve ou moderada, sendo mais grave em idosos que não recebam tratamento adequado e em indivíduos imunossuprimidos. Homens e aves enfermos precisam fazer uso de antibióticos. A prevenção inclui manter os ambientes e as gaiolas onde os bichos ficam sempre higienizados e ventilados, usar máscaras ao manusear as aves e no momento da limpeza e lavar bem as mãos após estas ações.

Fontes: Maria Cristina Novo, médica veterinária da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) da Prefeitura de São Paulo; Max Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina; e Paulo Eduardo Brandão, professor do departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (Universidade de São Paulo).

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