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Bolsonaro enfrenta pneumonia; doença não é comum em pacientes internados

Reprodução/Instagram @jairmessiasbolsonaro
Imagem: Reprodução/Instagram @jairmessiasbolsonaro

Giulia Granchi

Do UOL VivaBem, em São Paulo

08/02/2019 16h46Atualizada em 08/02/2019 20h31

Após cirurgia bem-sucedida para reconstrução do trânsito intestinal, o presidente Jair Bolsonaro segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein e na noite de quarta-feira (6) foi diagnosticado com pneumonia --segundo o boletim médico, o paciente já teve boa evolução clínica nas últimas 24 horas e não está mais com febre

Mauro Gomes, médico pneumologista chefe de equipe de Pneumologia do Hospital Samaritano de São Paulo, explicou ao UOL VivaBem que o quadro do presidente não é comum em pacientes internados, porém, pelo que os médicos acompanham nos hospitais, "a pneumonia é a segunda infecção mais diagnosticada em pacientes internados, perdendo apenas para a infecção urinária", acredita Gomes.

Um estudo feito por pesquisadores da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) confirma isso e mostra que entre 0,4% e 1,1% dos pacientes internados desenvolvem a doença, que é a segunda causa de infecção em pacientes hospitalizados, mas a primeira causa infecciosa em unidades fechadas. "Apesar da baixa incidência, há elevada mortalidade, de 20% a 50%, especialmente quando associada a outras doenças e a agentes microbianos multirresistentes", informa o artigo.

De acordo com Gomes, a infecção pode ter diferentes origens, entre eles estão:

  • Ao respirar ou aspirar conteúdo gastroesofageano contaminado que vai direto para o pulmão;
  • Em episódios de vômitos, quando há bactérias no líquido que sobe pelo esôfago e a pessoa tosse ou mesmo respira, podendo levar à bactéria ao pulmão; 
  • Por contaminação no sangue, e as bactérias transitam, podendo chegar ao grande filtro que é o pulmão; 
  • Quando bactérias que estão no abdômen, perto do diafragma, atravessam a barreira e param no pulmão --essa possibilidade é menos comum. 

Em geral, os pacientes são contaminados por bactérias pelo desequilíbrio da flora bacteriana, após métodos invasivos, e pelo contato com a própria atmosfera hospitalar. É difícil, no entanto, saber a origem exata das bactérias sem examiná-las. 

É possível que a bactéria causadora da pneumonia já estivesse no corpo de um paciente contaminado antes e se manifestou pela baixa imunidade, mas para uma pessoa que já está no hospital há vários dias, após cirurgias, é comum que as bactérias hospitalares mais agressivas e resistentes aos medicamentos causem o quadro. "Independente da origem, após 24 horas de internação do paciente, o quadro é chamado de pneumonia hospitalar", conta Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

Se as defesas imunológicas estão boas, o paciente consegue se proteger das infecções. "As restrições alimentares e a ingestão de outros medicamentos, que matam bactérias da flora bacteriana comum, são fatores que influenciam para a baixa na imunidade, deixando os pacientes mais suscetíveis", explica João Geraldo Simoes Houly, pneumologista do Hospital Santa Paula.

Possíveis consequências

"Vai depender muito de qual é o agente. Em geral, a comissão de infecção hospitalar conhece as bactérias e faz as recomendações, mas é sempre tratado com antibióticos", afirma Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Normalmente, em casos mais leves, é possível curar o paciente em torno de sete dias de antibióticos. Quadros mais graves incluem, além da medicação, a internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por dificuldades respiratórias. Se as bactérias forem muito resistentes, o paciente pode ficar entubado e até morrer.

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