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Gatos de Ipatinga têm doença que afeta humanos; entenda a esporotricose

Gatinho com esporotricose tem feridas pela pele - Secretaria de Saúde da Prefeitura de Ipatinga (MG)
Gatinho com esporotricose tem feridas pela pele Imagem: Secretaria de Saúde da Prefeitura de Ipatinga (MG)

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

22/01/2019 20h05

As autoridades de saúde de Ipatinga, município de Minas Gerais, alertaram a população para um aumento de casos de uma doença que atinge gatos e pode ser transmitida aos humanos. O nome da enfermidade é esporotricose, que chamou a atenção do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) local após o diagnóstico em 200 felinos.

A esporotricose é uma micose causada pelo fungo Sporothrix  schenchkii, segundo os dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Os gatos são os maiores afetados e costumam se infectar ao se ferir mexendo com terra, palha, vegetais, madeiras e até farpas ou espinhos contaminados pelo fungo, ou em brigas com outros animais que já tenham a doença. 

Uma vez infectado, o bichano começa a apresentar lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas que podem conter pus, não cicatrizam e evoluem de forma rápida. Elas costumam aparecer na cabeça, nariz, pescoço e membros --áreas que entram em contato com o solo e as mais visadas em brigas. O acometimento de tecidos profundos como ossos ou pulmão pode acontecer, porém é mais raro, de acordo Cristine Elizabeth Kirsten, médica veterinária especializada em felinos do 4Cats, hospital 24 horas exclusivo para gatos em São Paulo. 

O CCZ de Ipatinga afirma ainda que a perda de apetite, apatia, emagrecimento, espirros e secreção nasal são outras manifestações da doença.

Quais os sinais da esporotricose em humanos?

Sim, nós podemos nos contaminar com o fungo. Existem duas formas comuns de contágio: você pode se machucar em um meio contaminado e o fungo entra no seu organismo ou pode sofrer com arranhões e mordidas de um gatinho com a doença. 

A FioCruz já registrou a transmissão do fungo pelo ar, mas afirma que é muito raro. A Fundação confirma que não há registros de transmissão de pessoa para pessoa. Pelo que se sabe, a maioria dos casos em humanos acontecem pelo contato com meios ou animais contaminados.

"Vale dizer que é comum que nos humanos os sinais da esporotricose apareçam nas extremidades, dedos, mãos, braços ou pés. Isso porque são nessas áreas que os animais costumam nos atacar com maior frequência", afirma Adriane Pimenta, professora do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). 

Assim como nos bichanos, os humanos terão feridas na pele que começam como pequenos nódulos, bolinhas na pele como caroços, que podem "abrir" e virar feridas. Neste caso, o ideal é consultar um dermatologista para ter uma análise qualificada e começar o tratamento -que também pode ser através de antifúngicos por longo período. 

"Os com maior risco de adoecer por esporotricose são crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas, como soropositivos ou pacientes em tratamentos que comprometam a imunidade. Orientamos que estes não toquem no animal. Se o indivíduo não tem esse perfil, mas tem lesões dermatológicas abertas, ele deve lavar bem os machucados e procurar o médico," alerta Kirsten.

Meu gato está doente, e agora? 

Não precisa se desesperar, mas tome cuidado. Segundo Kirsten, o felino é extremamente susceptível ao fungo, por isso vemos tantos casos e a facilidade de disseminação, que gera esses surtos. "Além disso, estamos em uma área de clima ideal para o desenvolvimento do organismo -- quente e úmido --, o que facilita a permanência dele no ambiente," completa.

Por isso, ao sinal de qualquer ferida suspeita, leve o gatinho ao veterinário. Quanto antes começar o tratamento menor será o sofrimento do animal. "A doença é dolorosa para o felino e o tratamento é rigoroso. Ele precisará tomar antifúngico com doses calculadas de acordo com a gravidade do caso e isso pode se alongar por meses ou até mais de um ano," diz Pimenta.

Após a ida ao veterinário, dê a medicação respeitando os dias e doses. Fora isso, uma boa higienização do ambiente pode reduzir a quantidade de fungos dispersos e novas contaminações. 

Pode ser chato, mas pelo período de cuidados é importante não manusear demais o animal, usar luvas e lavar bem as mãos. E se você tiver mais animais na mesma casa é preciso ficar alerta: o gato doente pode infectar outros bichos ao morder ou arranhar. Assim, é melhor isolar o bichano enfermo até que ele fique saudável. 

"Reforço ainda importância de manter o animal em casa, sem acesso à rua. Os animais com maior risco de pegar esporotricose são os não castrados que saem para passear, sendo mais propensos a brigas e a possibilidade de contato com plantas contaminadas", aconselha Kirsten.

E por último, um assunto delicado: caso o animal doente morra, o corpo não se deve ser enterrado, e sim incinerado, para evitar que o fungo se espalhe pelo solo.

Mas, lembre-se, há cura para a doença. Por isso, a Fiocruz alerta para os donos não abandonarem, maltratarem ou sacrificarem o animal com suspeita da doença. O ideal é procurar o tratamento adequado e se informar sobre os cuidados que precisam ser tomados para cuidar do gato sem colocar em risco a própria saúde. Além disso, é importante avisar o CCZ do seu município para que haja um acompanhamento de casos e ações para controle.

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