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Por que alguns alimentos são proibidos na Europa, mas não nos EUA

Andrea Mantovani/The New York Times
Imagem: Andrea Mantovani/The New York Times

Roni Caryn Rabin

Do New York Times, em São Paulo

02/01/2019 14h41

A União Europeia proíbe ou restringe severamente muitos aditivos alimentares que foram relacionados ao câncer e que ainda são utilizados em pães, biscoitos, refrigerantes e outros alimentos processados feitos nos EUA. A Europa também barrou vários fármacos utilizados na criação de animais nos Estados Unidos, e muitos países europeus limitam o cultivo e a importação de alimentos geneticamente modificados.

"Em alguns casos, as empresas de processamento de alimentos precisam reformular um produto alimentício para a venda na Europa", mas continuam a vendê-lo com aditivos nos EUA, disse Lisa Y. Lefferts, cientista do Centro de Ciência de Interesse Público, organização de defesa e segurança alimentar.

Uma emenda de 1958 à Lei de Alimentos, Drogas e Cosméticos proíbe a Administração de Alimentos e Drogas (FDA) de aprovar aditivos ligados ao câncer, mas uma porta-voz da agência disse que muitas substâncias em uso antes da aprovação da emenda, conhecida como Emenda Delaney, tinham aprovação prévia e "consequentemente não são reguladas como aditivos alimentares".

Em outubro, a FDA concordou em proibir seis substâncias aromatizantes artificiais que podem causar câncer em animais, após petições e uma ação judicial aberta pelo Centro de Ciência de Interesse Público e outras organizações. A FDA insiste que os seis sabores artificiais "não representam risco para a saúde", mas admite que a lei exige que não sejam aprovados. As empresas de alimentos terão pelo menos dois anos para removê-los de seus produtos.

Aqui está uma pequena lista de alguns dos aditivos alimentares proibidos pela União Europeia, mas permitidos em alimentos americanos. A maioria deve constar na lista de ingredientes no rótulo, embora informações sobre as drogas usadas para aumentar a produção pecuária geralmente não sejam fornecidas.

Bromato de potássio e azodicarbonamida

Esses aditivos são comumente adicionados a pães e bolos, mas nenhum deles é necessário, e ambos são proibidos na Europa porque podem causar câncer. Nos últimos anos, algumas cadeias americanas de restaurantes responderam à pressão do consumidor e os removeram de seu alimento.

O bromato de potássio é muitas vezes adicionado à farinha usada em pães, biscoitos, doces, pizza e outros itens para fazer a massa crescer e ter uma cor bem branca. A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer o considera um possível carcinógeno humano, e o Centro de Ciência de Interesse Público pediu que a FDA o banisse há quase 20 anos. A agência diz que o bromato de potássio é utilizado desde antes de a Emenda Delaney sobre aditivos alimentares cancerígenos ser aprovada.

A azodicarbonamida é usada como agente clareador de farinhas e como um condicionador de massa, e durante o cozimento se divide em produtos químicos que causam câncer em animais de laboratório. É usada por muitas cadeias de restaurantes que servem sanduíches e pães. O Centro de Ciência de Interesse Público pediu que a FDA proibisse seu uso, mas a agência diz que ela é segura em quantidades limitadas.

BHA e BHT

Os realçadores de sabor e os conservantes BHA e BHT estão sujeitos a severas restrições na Europa, mas são amplamente utilizados em produtos alimentícios americanos. Enquanto a evidência sobre o BHT é mista, o BHA está listado em um relatório do governo dos Estados Unidos como "razoavelmente provável" que seja um carcinógeno humano.

Óleo Vegetal Bromado (BVO)

O BVO é usado em alguns refrigerantes com sabor cítrico, como o Mountain Dew, e em algumas bebidas esportivas para evitar a separação de ingredientes, mas é proibido na Europa. Ele contém bromo, elemento encontrado em retardadores de chamas, e estudos sugerem que pode se acumular no corpo e potencialmente levar à perda de memória e problemas de pele e nervos. Uma porta-voz da FDA disse que é seguro em quantidades limitadas, e que a agência tomará medidas "se forem disponibilizados novos estudos de segurança que levantam questões sobre a segurança do BVO".

Corante amarelo nº 5 e nº 6 e vermelho nº 40

Esses corantes podem ser usados em alimentos vendidos na Europa, mas os produtos devem ter um aviso dizendo que os agentes de coloração "podem ter um efeito adverso sobre a atividade e a atenção em crianças". Esse aviso não é exigido nos Estados Unidos, embora o Centro de Ciência de Interesse Público tenha pedido à FDA em 2008 que proibisse os corantes. Os consumidores podem tentar evitá-los lendo os ingredientes nos rótulos, "mas eles são usados em coisas que você nem imagina, não apenas em doces, glacês e cereais, mas também na mostarda e no ketchup", marshmallow, chocolate e barras de cereais que parecem conter frutas, disse Lefferts, a cientista de segurança alimentar.

O site da FDA diz que as reações à coloração dos alimentos são raras, mas reconhece que o corante amarelo nº 5, amplamente utilizado em bebidas, sobremesas, legumes processados e drogas, pode causar coceira e urticária.

Drogas na pecuária

A União Europeia também proíbe alguns medicamentos utilizados na criação de animais nos Estados Unidos, citando preocupações com a saúde. Entre essas drogas está o hormônio do crescimento bovino, que a indústria de laticínios americana usa para aumentar a produção de leite. A União Europeia também proíbe a droga ractopamina, utilizada nos EUA para aumentar o ganho de peso em suínos, bovinos e perus antes do abate, dizendo que "os riscos para a saúde humana não podem ser descartados". Uma porta-voz da FDA disse que as drogas eram seguras.

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