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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Atirador de Campinas era depressivo, mas doença não é associada à violência

Euler Fernando Grandolpho matou cinco pessoas e feriu outras três em uma Igreja em Campinas - Reprodução/Facebook
Euler Fernando Grandolpho matou cinco pessoas e feriu outras três em uma Igreja em Campinas Imagem: Reprodução/Facebook

Giulia Granchi

Do UOL VivaBem, em São Paulo

12/12/2018 13h50Atualizada em 13/12/2018 11h16

Na última terça-feira (11), o paulista Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, atirou em fiéis que assistiam à missa na Catedral de Campinas, matando cinco pessoas, ferindo outras três e cometendo suicídio em seguida, depois de ser atingido por um tiro da polícia, segundo o delegado José Henrique Ventura em entrevista coletiva. A motivação do crime ainda é investigada pela Polícia, mas pessoas próximas ao atirador o caracterizam como alguém que sofria de depressão e teve seus modos alterados pela doença

De acordo com o psiquiatra Rodrigo Leite, coordenador dos Ambulatórios do IPq (Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo), a menção à depressão deve ser feita com cuidado, pois pode reforçar o estigma que quem comete violência tem algum tipo de transtorno mental. Além disso, a doença --que pode levar pacientes ao suicídio -- não se associa a crimes com terceiros. "A violência, a princípio, é um fenômeno social, muito raramente o comportamento está ligado a algum tipo transtorno", afirma. 

O especialista explica que, em casos de tomada de atitudes drásticas, os fatores sociais e da história de vida da pessoa geralmente têm mais influência do que quadros depressivos. O atirador, especificamente, se isolou radicalmente após pedir exoneração de cargo público e já havia demonstrado aos familiares católicos o ódio pela religião. 

"Quadros que demonstram sintomas como esses, especialmente o rompimento de vínculos importantes seguidos de isolamento, precisam de tratamento profissional, e os familiares têm papel fundamental: quando os sintomas são notados, as pessoas próximas devem oferecer ajuda", esclarece. 

Segundo Leite, os casos noticiados de "lobos solitários" que cometem ataques surpresa nos Estados Unidos e Europa podem estar influenciando o comportamento de pessoas no mundo todo. "Isso nos leva a questionar uma possível liberação de armas de fogo no Brasil. Será que estamos preparados?", indaga o psiquiatra. 

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