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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Herpes é comum no verão; saiba cuidar das lesões e evitar a transmissão

Quase 90% das pessoas têm o vírus causador do herpes, mas só 60% a 70% apresentarão os sintomas da doença - iStock
Quase 90% das pessoas têm o vírus causador do herpes, mas só 60% a 70% apresentarão os sintomas da doença Imagem: iStock

Tatiana Pronin

Colaboração para o UOL VivaBem

09/12/2018 04h00

Quase todo mundo, ou cerca de 90% da população mundial, tem o vírus causador do herpes simples (HSV tipo 1 ou 2). Por isso, ninguém deveria ficar constrangido quando as bolhas ou vesículas características da doença aparecem no lábio ou perto do nariz, áreas mais comuns de manifestação do herpes oral. Contrair o vírus é muito fácil, mas manifestá-lo depende de uma série de fatores. Estima-se que apenas 60% ou 70% dos infectados vão ter sintomas da doença em algum momento da vida, ou repetidas vezes. 

O aparecimento das lesões depende da imunidade de cada um, mas também de fatores ambientais que colocam nosso sistema de defesa à prova de vez em quando, como mudanças bruscas na temperatura (frio ou calor), exposição excessiva ao sol (radiação ultravioleta), dieta inadequada, abuso de álcool, falta de sono e até estresse emocional.

A seguir, esclareça algumas dúvidas para evitar que as lesões apareçam ou incomodem demais neste verão, época propícia para a manifestação do herpes:

Posso me livrar do problema só com pomada?

O uso de cremes e pomadas, ou seja, o tratamento tópico, ajuda a aliviar o incômodo e a proteger a pele. Mas só com o tratamento por via oral é possível abreviar o tempo e a duração das lesões. "Podemos utilizar produtos tópicos à base de retrovirais, que inibem a proliferação do vírus. Mas quando usamos por via oral, a cicatrização é mais rápida", diz Claudia Marçal, membro da SBD e da American Academy of Dermatology (ADD). As doses e o tempo de duração do tratamento só podem ser determinados pelo médico. 

Produtos naturais, como própolis e aloe vera, funcionam?

Ativos cicatrizantes como aloe vera, própolis e outros extratos vegetais podem ajudar na restauração da pele e alívio dos sintomas. Mas nenhum estudo comprova que essas substâncias têm efeito sobre o causador do herpes. "Eles não terão ação sobre o micro-organismo, mas proporcionarão um controle dos efeitos do vírus na pele", explica o farmacêutico Lucas Portilho, professor do Instituto Brasileiro de Ciências da Pele, pesquisador em cosmetologia e diretor científico da Consulfarma. 

Dá para evitar que a lesão reapareça?

Para quem sofre com recidivas frequentes, a recomendação é evitar a exposição excessiva ao sol e outros tipos de estresse. O uso prolongado ou preventivo do antiviral também pode inibir o incômodo. Alguns especialistas ainda recomendam o uso de suplementos de lisina, um tipo de aminoácido. "A substância diminui a absorção da arginina, aminoácido esse de suma importância para a replicação do vírus e consequentemente aumento do número das crises de herpes", explica Marcio Serra, coordenador do Departamento de DST e AIDS da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). 

mulher, protetor labial, herpes - iStock - iStock
Além de lavar as feridas, é importante aplicar hidratante com lipídios, vitamina B5 e antiviral
Imagem: iStock

Como cuidar das feridas?

Elas devem ser lavadas, de preferência com antisséptico. Também é indicado aplicar no local hidratante com lipídios, fosfolipídios, vitamina B5 e, principalmente, com antiviral. Os cremes e pomadas devem ser usados de quatro a seis vezes ao dia, e a fotoproteção pode ser feita com stick cremoso ou bastão labial fotoprotetor.

Tomar sol ajuda a cicatrizar a lesão?

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, o sol não ajuda a cicatrizar as feridas e apenas agrava o quadro. "A exposição aos raios solares pode manchar a área doente e também pode desencadear novas crises de herpes", adverte Serra. Filtros com FPS acima de 30 são os mais indicados, e deve-se reaplicar o produto a cada 2 horas.

Posso beijar alguém enquanto estiver com herpes? 

Melhor evitar. O vírus é transmitido com muita facilidade, principalmente quando a bolha aparece ou se rompe --o líquido interno contém grande quantidade de vírus. Mas também há possibilidade de transmissão um pouco antes de a lesão surgir, período conhecido como pródromo. Evitar beijos e o contato direto durante a fase ativa da doença é recomendado, mas a verdade é que não é fácil evitar a transmissão do herpes.

Que outros cuidados devo tomar para evitar a transmissão? 

Além de não ter contato direto com a lesão, deve-se evitar compartilhar copos, garfos, toalhas de rosto e maquiagem durante a fase ativa da doença. Também é importante evitar o sexo oral sem proteção --embora o vírus herpes simplex tipo 1 seja mais associado ao herpes oral e o tipo 2 ao genital, exceções acontecem. Outra recomendação é lavar as mãos com frequência e não mexer nas bolhas ou vesículas, já que, além de transmitir o vírus para outras pessoas, há o risco de levá-lo, por exemplo, para os próprios olhos, causando o herpes ocular.

Adesivos cicatrizantes ajudam?

Existem no mercado adesivos à base de substâncias anti-inflamatórias e cicatrizantes que até podem ajudar a delimitar lesões menores. Mas o ideal é que as bolhas ou feridas não sejam cobertas por muito tempo com adesivo ou qualquer outro curativo, para evitar o risco de uma contaminação secundária por bactéria ou a ruptura das vesículas durante a manipulação. O indicado é que a oclusão (fechamento da ferida) seja apenas química (com pomada, por exemplo), e não física.

Tudo bem usar maquiagem para disfarçar a lesão?

Não há problema, mas é melhor evitar, na medida do possível. Alguns pigmentos podem colaborar para a inflamação da pele, segundo Marçal. Além disso, ao se remover a maquiagem, há risco de se machucar a lesão, o que pode propiciar uma infecção por micro-organismos presentes na própria pele e arrastar o quadro ou até gerar cicatriz. 

É seguro depois usar uma maquiagem que passei para disfarçar a ferida?

Produtos líquidos contêm conservantes que evitam a proliferação de micro-organismos. Já maquiagem em pó ou bastão não possui água, portanto não é ambiente propício para o crescimento de vírus, bactérias ou fungos. O vírus do herpes sobrevive por apenas algumas horas em superfícies, por isso não há problema em reutilizar o produto, contanto que não seja compartilhado com mais ninguém. "Para garantir, antes de aplicar é interessante remover uma pequena parte da região superior do batom, onde houve contato com a lesão", sugere o especialista.

Fontes: Claudia Marçal, dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Lucas Portilho, farmacêutico e professor do Instituto Brasileiro de Ciências da Pele; Marcio Serra dermatologista do Departamento de DST e AIDS da SBD; Sociedade Brasileira de Infectologia.

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