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Tipo de açúcar retarda avanço de tumor e eleva efeito de quimio em ratos

O próximo passo é investigar por que o tratamento só funciona em algumas células - iStock
O próximo passo é investigar por que o tratamento só funciona em algumas células Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

24/11/2018 15h17

Em um novo estudo, cientistas descobriram que ao adicionarem um tipo de açúcar chamado manose à água potável de camundongos, o crescimento do tumor dos animais foi retardado e a quimioterapia se tornou mais eficaz. A pesquisa foi publicada no periódico Nature na quarta-feira (21).

A manose comumente é encontrada como um suplemento chamado d-manose. Ela desempenha vários papéis no metabolismo humano, no entanto não é essencial para ser consumida na dieta porque o corpo pode sintetizá-lo a partir da glicose, quando necessário.

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Esse tipo de açúcar entra nas células usando os mesmos receptores que a glicose. Uma vez dentro das células, ela se acumula como manose-6-fosfato. À medida que esse metabólito se acumula, diminui o metabolismo da glicose.

Mas o que isso tem a ver com o câncer? Estudos anteriores já mostraram que, como as células cancerosas se dividem rapidamente, elas precisam de muito combustível. Sua principal fonte de energia, assim como as células saudáveis, é a glicose. Restringi-la tem sido uma opção para retardar o crescimento de células do câncer. O problema é que as células saudáveis também precisam de glicose, tornando esse método um desafio para a ciência.

Com o novo estudo, entretanto, os cientistas descobriram que uma dosagem exata de manose pode bloquear uma quantidade de glicose para retardar o crescimento do tumor, mas não o suficiente para afetar os tecidos normais.

Para investigar o seu potencial uso contra o câncer, os cientistas adicionaram esse açúcar na água de ratos com câncer pancreático, câncer de pele ou câncer de pulmão. Após o tratamento, os animais não tiveram efeitos nocivos e o crescimento do tumor foi significativamente retardado.

Depois, os pesquisadores ainda testaram o uso de manose em camundongos tratados com dois agentes de quimioterapia comuns: cisplatina e doxorrubicina. Mais uma vez, o açúcar fez uma diferença positiva quando comparado com os ratos que tomaram drogas de quimioterapia, mas não a manose. O açúcar melhorou ao impacto da quimio, o tamanho do tumor reduzido e aumentou a expectativa de vida.

Por fim, os cientistas também investigaram o impacto da manose em células cancerígenas em laboratório. Dessa vez diversos tipos de cânceres foram testados, incluindo osteossarcoma (uma forma de tumor ósseo), leucemia, câncer do ovário e do intestino. Algumas células responderam favoravelmente, enquanto outras não. Os cientistas perceberam que a presença de enzimas particulares previu se a manose poderia afetar as células cancerosas. O próximo passo é investigar por que o tratamento só funciona em algumas células.

Ainda há um longo caminho antes que a ideia seja testada em humanos, mas os cientistas esperam começar ensaios clínicos em pessoas o mais rápido possível, para determinar o seu verdadeiro potencial como uma nova terapia contra o câncer.

A recomendação por enquanto é que os pacientes não se autoprescrevam a manose, já que efeitos colaterais ainda não foram testados. Algumas pessoas atualmente usam o açúcar para tratar infecções do trato urinário, mas apenas por um curto período de tempo. É importante descobrir se existem ou não efeitos a longo prazo.

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