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Malária na gestação pode reduzir perímetro da cabeça de recém-nascido

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Imagem: iStock

Do Jornal da USP

22/11/2018 15h41

Estudo com gestantes infectadas com malária do Vale do Alto Juruá, no Acre, indica que elas possuem maior risco de terem partos prematuros e filhos com microcefalia – reversível, porém, conforme ocorre o crescimento da criança.

A constatação foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP em levantamento feito entre os anos de 2006 e 2014 no norte do País. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos deletérios da malária durante a gravidez e produzir dados para subsidiar ações públicas na área de saúde materno-infantil da região.

Na fase gestacional, as complicações parasitárias se tornam mais graves devido à situação de vulnerabilidade da mulher e ao fato de a doença vir associada à anemia.

Além do perímetro cefálico (circunferência da cabeça) reduzido, que foi um dos achados mais importante desta pesquisa, outros estudos já haviam comprovado problemas relacionados à saúde do recém-nascido e da mãe, especialmente se infectada por malária nos últimos meses de gravidez.

A doença está diretamente relacionada à anemia materna, risco de aborto, restrição no crescimento intrauterino, parto prematuro e baixo peso no nascimento, relata Claudio Romero Farias Marinho, coordenador do estudo e orientador de Jamille Gregório Dombrowski, uma das pesquisadoras que esteve em trabalho de campo no Acre.

Segundo o pesquisador, até o momento, a microcefalia estava associada a outras infecções durante a gestação, como o vírus da zika. Porém, nas amostras mais recentes desta pesquisa, foi observado que o parasita da malária também pode causar esta anomalia no feto. Diferentemente do que é observado nos casos do vírus da zika, é sabido que para várias outras doenças, depois de alguns meses, as crianças que nascem com o perímetro cefálico reduzido podem ter o quadro revertido e ter o tamanho do crânio normalizado.

O que, na opinião de Jamille, não minimiza o problema porque ainda não existem estudos no campo da malária gestacional avaliando a extensão do comprometimento neurológico do bebê afetado, mesmo que seja temporário.

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O projeto do ICB foi composto com dois estudos: um prospectivo, em que 600 gestantes foram acompanhadas durante seu período gestacional; e outro retrospectivo, no qual foi feito o cruzamento de dados sociais e clínicos de mães e de recém-nascidos, extraídos do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, e episódios de malária, obtidos no Sistema Nacional de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária.

A malária é uma doença causada por parasitas do gênero Plasmodium, que é transmitido por mosquitos fêmeas. No Brasil, o mais comum é o Plasmodium vivax, menos perigoso do que o Plasmodium falciparum, que é mais predominante na África. Estima-se que 125 milhões de mulheres correm risco de contrair malária durante a gravidez.

Na população estudada, houve uma incidência de 8,9% (1.283 mulheres grávidas infectadas), das quais 63,9% foram infectadas pelo P. vivax. A redução do peso ao nascer do recém-nascido foi encontrada associada à infecção por P. vivax durante a gravidez e os partos prematuros estiveram relacionados ao P. falciparum.

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