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Ao ser acionada no cérebro, ansiedade desperta tristeza e frustração

Ao analisar  - Getty Images
Ao analisar Imagem: Getty Images

Do UOL VivaBem, em São Paulo

11/11/2018 12h18

Todos nós temos oscilações de humor, e se você sofre de ansiedade sabe que quando ela aparece não costuma estar acompanhada da felicidade, não é mesmo? Em um procedimento inédito, cientistas registraram mudanças cerebrais relacionadas ao humor por vários dias e identificaram uma constante tristeza em pessoas ansiosas.

Mesmo sendo comum o ser humano ter altos e baixos emocionais, para algumas pessoas essas flutuações são tão severas que interrompem ou atrapalham a rotina. Foi dessa preocupação que os médicos elaboraram novo estudo, divulgado na revista científica Cell.

Como a pesquisa foi feita?

Nossa consciência é resultado de trilhões de conexões entre os neurônios e por isso não é simples analisar tudo que acontece no cérebro ou apontar todas as conexões que nosso humor é capaz de impulsionar.

Anteriormente, os estudos sobre a atividade cerebral nas oscilações de humor eram feitos com ressonância magnética. Porém, os cientistas julgaram que esses dados não eram confiáveis, uma vez que o paciente estava “preso” em uma máquina e sendo provocado a ter mudanças de humor para análise. Não era natural.

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Na nova pesquisa, o foco era conseguir correlatos neurais de humor em situações da vida real. Para isso, os pesquisadores recrutaram 21 pessoas com epilepsia que já tinham de 40 a 70 eletrodos implantados no cérebro.

Os implantes permitiram que os cientistas registrassem a atividade cerebral de 7 a 10 dias. Durante todo esse tempo, os participantes também relataram mudanças no humor em um questionário online. Assim, foi possível correlacionar as mudanças no humor com a atividade cerebral.

Quais foram os resultados?

Antes de estudar os diários de humor, os cientistas vasculharam os dados do cérebro, procurando por redes de coerência intrínsecas. Essas redes são grupos de regiões cerebrais que tendem a ser ativas ao mesmo tempo, o que mostra que as áreas estão trabalhando juntas e se comunicando.

Ao comparar os dados dos participantes, várias "panelinhas" de regiões do cérebro que regularmente disparavam juntas e na mesma frequência foram identificadas.

Mas os pesquisadores ficaram surpresos ao ver que em 13 dos participantes um clique foi particularmente ativo na região do hipocampo, importante para a memória, e a amígdala, envolvida no processamento de emoções.

A avaliação em questionário indicou que todos eles experimentaram níveis altos de ansiedade, e os dados dos eletrodos mostraram que, quando o clique da ansiedade estava ativo, correlacionava-se com sentimentos de "humor baixo", como tristeza, frustração, cansaço e preocupação.

"Ficamos bastante surpresos ao identificar um único sinal que quase completamente representou ataques de humor deprimido em um grupo tão grande de pessoas," concluíram os médicos.

Descobrir a atividade cerebral característica nos 13 participantes foi tão surpreendente quanto notar sua ausência nos outros, que não tinham uma ansiedade tão pronunciada.

"As interações entre a amígdala e o hipocampo podem estar ligadas à recordação de memórias emocionais, e esse caminho é particularmente forte em pessoas com altos níveis de ansiedade, cujo humor pode ser fortemente influenciado, recordando memórias carregadas de emoção ", concluiu o estudo.

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