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Aluna coloca cinzas do avô em cookies e dá para amigos comerem; é perigoso?

Você não terá problemas de saúde se assar e comer as cinzas de alguém, o que não quer dizer que essa seja uma escolha maluca - iStock
Você não terá problemas de saúde se assar e comer as cinzas de alguém, o que não quer dizer que essa seja uma escolha maluca Imagem: iStock

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

22/10/2018 19h22

Pode parecer invenção, mas é verdade: o jornal americano The New York Time's revelou que uma adolescente misturou as cinzas do seu avô em uma receita de cookies e distribuiu as bolachas entre seus colegas na escola. O caso aconteceu na Califórnia.

Segundo o jornal, a estudante era de uma escola pública e dividiu os biscoitos com ao menos outros nove alunos. Alguns sabiam das cinzas e toparam o desafio, mas outros ficaram horrorizados ao descobrir o ingrediente secreto

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Testemunhas contaram que quando a aluna dizia que havia uma surpresa na bolacha, os colegas suspeitaram de maconha. Porém, assim que comiam, a jovem "cozinheira" mostrava a urna onde estavam os restos mortais do avô. Além disso, de acordo com a reportagem americana, os biscoitos tinham manchinhas cinzas e textura de areia.

Além do susto, há perigo ingerir cinzas em bolachas?

Não vamos questionar eticamente o que aconteceu, é óbvio que foi uma atitude absurda e desrespeitosa. Mas podemos indagar o que se passa no nosso organismo ao ingerir cinzas.

Pelo bem dos amigos enganados, é provável que ninguém passe mal ou fique doente por comer os restos humanos. "Não existem vírus ou bactérias que sobrevivam ao fogo dessa maneira, podem até ter restado alguns minerais, mas não vão causar absolutamente nada", afirma Paulo Olzon, infectologista e clínico da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). 

"É só pensar que para esterilizar objetos fervemos a cem graus, a cremação por sua vez passa de mil graus. Toda doença contagiosa não sobrevive, toda substância que poderia causar irritação desaparece, toda toxina queima", completa Alexandre Sakano, gastrocirurgião da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Além disso, a quantidade também importa. Como a aluna quis disfarçar o conteúdo do biscoito, provavelmente salpicou as cinzas na receita, o que diminui ainda mais o risco de complicações. ?Grandes quantidades poderiam causar reações como diarreia, o corpo estranharia. Mas comer cinza ao ponto de passar mal é praticamente inviável, o gosto e a textura são muito ruins, seria difícil ingerir tanto", diz Sakano.

Mesmo se o avô da garota tivesse metais pesados no corpo, como os usados em obturações dentárias, não afetaria as crianças. "Esses metais e próteses normalmente são removidos na cremação, e mesmo que não fossem retirados, estariam em quantidades minúsculas que não trariam consequências graves em um biscoito", avalia Sakano.

Com certeza, o efeito seria mais psicológico, todo mundo ficaria aflito ao saber que comeu partículas do avô de alguém.

"É como você estar bebendo água e alguém falar que o líquido está contaminado. Você não sentia nada de estranho antes e estava saudável, mas a reprovação do outro vai deixar você aflito e fazer com que imagine diversos sintomas, como ânsia de vômito ou diarreia. Imagine então a reação que a cabeça cria ao ser informada que ingeriu cinzas", explica Olzon. 

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