Padrões na expressão de proteínas podem ajudar a detectar câncer
A identificação de padrões na expressão de proteínas liberadas por células de melanoma pode gerar pistas importantes para o desenvolvimento futuro de biomarcadores capazes de detectar a ocorrência do câncer ou até mesmo determinar o estágio da doença.
Pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Centro de Pesquisa em Toxinas, Resposta Imune e Sinalização Celular (CeTICS) identificaram e analisaram 154 proteínas expressas em linhagens celulares com melanoma e outras 209 proteínas expressas de células metastáticas. Padrões das moléculas estudadas servem como assinaturas da doença.
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Em um artigo publicado no Journal of Proteomics, o grupo descreve a análise quantitativa e qualitativa de expressões proteicas (proteômica) do secretoma (proteínas secretadas da célula) de quatro linhagens celulares diferentes.
A equipe analisou o secretoma derivado de um conjunto de fibroblastos de células retiradas do pulmão de um sítio metastático de paciente com melanoma. Também investigou fibroblastos da pele do mesmo paciente e duas linhagens celulares de melanoma metastático.
“Analisamos o padrão de expressão das proteínas secretadas, ou seja, quanto há de determinada proteína em cada linhagem celular. Nessa análise, ficou claro quais são os padrões de expressão em cada tipo de célula, conforme as proteínas sofrem alteração. Nosso objetivo final é usar essa descoberta com outros dados para poder entender o desenvolvimento do câncer ou prospectar marcadores associados a processos importantes da doença”, disse André Zelanis, autor do estudo.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores fizeram a comparação entre os fibroblastos normais e tumorais e as células metastáticas, observando os processos biológicos envolvidos nas fases iniciais do desenvolvimento do câncer e da metástase.
“O diferencial do trabalho foi olhar os efetores, que são as proteínas que exercerão funções no sistema celular. Geralmente, estudos que buscam biomarcadores de câncer estão focados na análise do que é transcrito, o transcriptoma, analisando o gene mutado ou o que é mais ou menos expresso. São marcadores importantes, mas que não necessariamente refletirão em níveis alterados das proteínas. Isso porque não existe uma correlação linear entre o que é transcrito e o que vai virar proteína. Nosso grupo buscou por assinaturas de expressão proteica”, disse Zelanis à Agência Fapesp.
Busca pela detecção do câncer
Zelanis explica que, ao secretar moléculas bioativas – como fatores de crescimento e enzimas capazes de degradar proteínas (proteases) –, as células do tecido conjuntivo, como os fibroblastos, são frequentemente recrutadas pelas células tumorais para o processo de surgimento do câncer, que eventualmente leva à progressão tumoral e sua disseminação.
“Buscamos essas assinaturas de expressão pensando que em uma biópsia, futuramente, será possível analisar as várias células e buscar esse perfil de expressão. Não temos um marcador ainda, mas temos um conjunto de moléculas que apontam para uma direção e dão pistas importantes da oncogênese”, disse.
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