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Sexo pós-parto: perdeu o tesão? Saiba por que e veja como resgatar a libido

Cuidar da intimidade a dois ajuda a retomar a vida sexual depois de ter bebê - iStock
Cuidar da intimidade a dois ajuda a retomar a vida sexual depois de ter bebê Imagem: iStock

Daniela Venerando

Colaboração para o UOL VivaBem

08/10/2018 04h00

Se seu apetite por sexo caiu ladeira abaixo após o parto, não se sinta sozinha. É natural e bem comum ficar sem vontade de transar mesmo depois dos 40 dias de resguardo sexual.

Um estudo da Associação dos Profissionais de Saúde Reprodutiva, nos Estados Unidos, revela que a volta do desejo, do prazer e da frequência das relações aos níveis anteriores à gravidez pode demorar até um ano. Mas calma: não é preciso esperar tanto para retomar a vida sexual.

Apesar de a mulher nessa fase ter motivos de sobra para colocar o sexo no final da lista de prioridades, o casal não pode nem deve se acomodar. 

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Dê tempo ao tempo

A recomendação médica de quatro a seis semanas de resguardo sexual é apenas uma estimativa. Cada mulher é única e deve retomar a vida sexual quando se sentir pronta. "O pós-parto é uma fase hipossexualizada justamente para que o corpo feminino possa voltar ao estado pré-gravidez e dar a atenção devida ao recém-nascido", explica a ginecologista Carolina Ambrogini, sexóloga e coordenadora do Projeto Afrodite, centro de sexualidade feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "É comum não ter desejo sexual por 90 dias ou mais pois após o parto ocorre uma queda brusca nos hormônios --inclusive na testosterona --, que leva à diminuição da libido."

A dica da ginecologista é não deixar o tempo correr demais. Afinal, a intimidade do casal pode ficar comprometida sem uma frequência ou com ausência de sexo. Ou seja, é essencial dar uma escapada da rotina e investir na vida a dois.

Amamentação x dor na relação

O hormônio prolactina, responsável pela produção do leite --juntamente com a queda no estrogênio e na progesterona --, também tem influência sobre a disposição sexual. "Nessa fase pode ocorrer uma leve atrofia da mucosa vaginal e uma diminuição na lubrificação, o que pode causar desconforto durante as relações sexuais", explica a ginecologista Erica Mantelli, de São Paulo.

Em vez de parar de transar, a indicação é recorrer ao lubrificante. Para as mulheres que amamentam em livre demanda e por um longo período, é prudente conversar com o ginecologista, que pode prescrever hidratante vaginal e, em casos mais severos, estrogênio tópico a fim de restaurar a umidade vaginal natural. Vale lembrar que a vaselina não é um substituto do lubrificante, pois o produto é à base de óleo e pode provocar infecção.

Sexo não é só penetração

É possível encontrar maneiras de contornar o incômodo na relação sexual. Beijos, carícias, masturbação mútua e sexo oral são ótimas formas de o casal manter a intimidade. "É importante investir tempo nas preliminares para que a mulher consiga se excitar. Um filme mais apimentado ou erótico também pode ajudar", sugere Ambrogini. "Outro ponto é desencanar do corpo pós-parto, que deixa muitas mulheres inseguras na cama. A prioridade no momento não deve ser ficar sarada, e o parceiro certamente não está ligando para isso", completa.

Quando o casal estiver pronto para o sexo, a dica é evitar a posição "papai e mamãe" a fim de inibir dores. O ideal é iniciar em uma posição na qual seja possível controlar a profundidade de penetração --a mulher em cima ou os dois deitados de lado, por exemplo.

Perrengues do pós-parto

A rotina sexual sofre muita influência dessa fase marcada por exigências físicas e emoções ambivalentes. Noites maldormidas, a pressão pelo desempenho da função materna, as alterações físicas que podem abalar a autoestima e as adaptações necessárias à nova rotina do casal são fatores que levam a fragilidade emocional e esgotamento físico. Primeiro, é preciso identificar quais são as dificuldades e os conflitos envolvidos --pode ser estresse, cansaço, insegurança em relação ao novo papel de mãe, medo de engravidar novamente, receio de sentir dor na relação, entre outros motivos.

"Cada mulher vivencia a maternidade de forma única. Para preservar a vida a dois, é essencial que o casal mantenha a comunicação e a cooperação no dia a dia. Assim, a retomada da atividade sexual vai acontecer no momento em que os dois estiverem preparados", aconselha a psicóloga Renata Bolibio, da Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP).

Relação sexual x choro do bebê

Sim, bebês choram muito e isso pode acontecer bem na hora H. Aí, não há outra solução: o jeito é prover os cuidados à criança e tentar retomar o clima depois. "A frustração é inevitável, mas é preciso levar esses imprevistos na esportiva", diz Bolibio. Ela acrescenta: "O mesmo vale no caso de o leite jorrar do peito durante o sexo (sim, isso pode ocorrer). Aos poucos, o casal vai aprender a lidar com essas circunstâncias de forma natural."

Outra saída é recorrer aos avós ou babá para ter uma noite de amor tranquila. Mas é preciso conseguir deixar de lado as preocupações. "A maternidade preenche muito a mulher, por isso muitas caem na armadilha de não tirar um tempo para si mesmas. O filho pequeno precisa de muitos cuidados, mas a mãe também. É importante equilibrar os diversos papéis para aproveitar a vida de forma plena nessa fase", finaliza a ginecologista Carolina Ambrogini.


Voltar à atividade sexual, portanto, depende de atitude. Veja algumas boas ideias que ajudam a aumentar o desejo:
 

- Quanto menos se faz sexo, menos vontade se tem de fazer. Então, é importante se programar para pensar sobre o assunto e ativar o romantismo entre o casal.
 

- Para a mulher não cair exausta com tantas demandas, o parceiro tem que colaborar com as tarefas diárias. Se não for possível, o casal deve encontrar junto uma forma de balancear as responsabilidades como família.
 

- Cuidar do corpo vai trazer disposição e levantar a autoestima. Atenção para não se abandonar, abusando das roupas de moletom ou daquelas surradas de ficar em casa. Looks confortáveis e bonitos vão trazer confiança.
 

- É fundamental separar um tempo para pensar na individualidade do casal. Um jantar romântico, uma massagem mútua e uma escapada ao cinema são artifícios para manter a chama acesa.
 

- Após os primeiros três meses, é saudável transferir o bebê para o quarto dele, o que vai favorecer a intimidade do casal. Afinal, não dá para se soltar na cama com o filho ao lado.
 

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