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"Só 20% mantêm peso após dieta restritiva, como o jejum", diz especialista

Nos períodos de jejum completo, pode-se realizar a ingestão de água, chás ou café - iStock
Nos períodos de jejum completo, pode-se realizar a ingestão de água, chás ou café Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Do UOL VivaBem, em São Paulo

28/09/2018 12h17

Com muitos adeptos, o jejum intermitente tem se tornado prática comum para quem deseja perder peso de forma rápida. No entanto, quando falamos na manutenção dos quilos perdidos, as consideradas dietas restritivas --que englobam também o jejum -- passam longe de serem as melhores. O tema foi debatido no 22º Congresso Brasileiro de Nutrologia, nesta quinta-feira (27), em São Paulo (SP).

A pesquisadora Lara Natacci, nutricionista, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da USP, acredita que o jejum intermitente é uma prática que muitas pessoas não conseguem sustentar em longo prazo. Segundo ela, a maioria dos indivíduos engorda o que perdeu ou até mais depois de seis meses ou um ano, e somente 20% das pessoas conseguem manter o peso eliminado. 

A especialista ressalta que não existem estudos que avaliaram o jejum intermitente por longos períodos, o que limita a análise dos resultados. "O mais indicado seria um acompanhamento de pelo menos dois anos." 

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Jejum não emagrece mais que outras dietas

Natacci explica que o jejum intermitente leva ao emagrecimento pois, grosso modo, a pessoa passa a ter uma menor ingestão calórica. Mas não é algo diferente de outras dietas em que o indivíduo reduz as porções das refeições e opta por alimentos "menos gordos". Isso foi confirmado por dois estudos publicados nos periódicos Nutrition Metabolism Cardiovascular Disease e Clinical Nutrition apresentados durante o congresso. Em ambos, noruegueses obesos fizeram jejum intermitente e tiveram um consumo calórico diário praticamente igual a quem seguiu um regime "convencional"

A questão é que fazemos mudanças radicais na alimentação, como no jejum, acontecem diversas adaptações no organismo. Entre elas está o aumento da fome, que pode levar a pessoa a abandodar a dieta, voltar a comer compulsivamente e engordar. "Esse efeito sanfona é prejudicial. Restrições severas na alimentação muitas vezes têm consequências graves, o melhor é fazer pequenas mudanças no estilo de vida que você é capaz de manter para sempre", explica Natacci.

Fazer jejum intermitente é seguro?

Gestantes, mulheres que estão amamentando, diabéticos ou pessoas que têm uma condição que exige atenção ao nível de açúcar no sangue devem evitar esse tipo de dieta. "Um longo período de restrição poderia induzir a hipoglicemia, que é a queda da glicose no sangue, e trazer consequências mais graves", explicou Christian Cruz, nutricionista da clínica Equilibrium Consultoria, em reportagem publicada em 01/03/2018. 

Além disso, alguns grupos de pessoas correm maior risco de efeitos negativos associados ao jejum, que podem incluir dores de cabeça, tonturas e incapacidade de concentração. Os grupos vulneráveis normalmente incluem idosos, jovens (menores de 18 anos), aqueles que estão sob medicação, aqueles com baixo índice de massa corporal (IMC) e quem tem problemas emocionais ou psicológicos envolvendo alimentos, incluindo qualquer história de distúrbios alimentares.

A adoção do jejum intermitente ainda divide especialistas. Se é melhor se arriscar na restrição, vai de cada um. O importante é tomar essa decisão com o auxílio profissional.

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