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Cientistas descobrem relação entre microbiota e perda de peso

Bactérias do intestino nem sempre são ruins - iStock
Bactérias do intestino nem sempre são ruins Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

04/09/2018 10h35

Localizada no "segundo cérebro", a microbiota intestinal tem relação com diversos processos do corpo. Enquanto estudos anteriores analisaram a associação desses seres microscópicos com a imunidade e até o aparecimento de doenças neurológicas, pouco se sabe sobre o papel dessas bactérias no emagrecimento.

Mas uma nova pesquisa descobriu a possível relação entre a perda de peso e os micróbios do intestino. No futuro, os cientistas esperam que suas descobertas possam levar a melhores tratamentos para pessoas que vivem com obesidade.

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Conduzido por pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, o estudo controlou a alimentação de camundongos por um período de 30 dias, de modo que a ingestão calórica dos animais foi restringida em 40%.

Após esse período, a equipe notou que os corpos dos camundongos estavam promovendo a produção de gordura bege, um tipo de tecido adiposo que é facilmente convertido em energia, levando também à perda de peso.

Para ver o papel que as bactérias intestinais podem desempenhar nesse processo, os cientistas transferiram algumas dessas bactérias dos camundongos em dieta para um grupo de camundongos criados para não ter microbiota intestinal.

Os resultados, publicados no periódico Cell Metabolism, mostraram que realizar essa transferência de microbiota permitia que os camundongos se tornassem mais enxutos e produzissem mais gordura bege, apesar de permanecerem em suas dietas regulares.

Os cientistas esperam que suas descobertas possam levar a melhores tratamentos para pessoas que vivem com obesidade - iStock - iStock
Os cientistas esperam que suas descobertas possam levar a melhores tratamentos para pessoas que vivem com obesidade
Imagem: iStock

Após analisar a composição e o comportamento da microbiota, a equipe observou que os animais produziam menos moléculas tóxicas conhecidas como lipopolissacarídeos (LPS). Os pesquisadores apontam que os LPS desencadeiam uma resposta imune à medida que ativam uma proteína conhecida como receptor Toll-like 4 (TLR4).

No estudo recente, eles notaram que os ratos que tinham sido geneticamente modificados para não expressarem o TLR4 realmente desfrutavam de benefícios de saúde semelhantes aos observados pelos roedores na dieta com restrição calórica.

"Claramente, o sistema imunológico não só combate infecções, mas também desempenha um papel fundamental na regulação do metabolismo", observa Mirko Trajkovski, que liderou o estudo. Sem o TLR4 ativado, os camundongos não apenas produziam mais gordura bege e, assim, viam mais perda de peso, mas também reagiam melhor à insulina. Os fígados desses roedores também eram mais eficazes no processamento de açúcar e gordura, e os camundongos se tornaram melhores em ajustar-se a temperaturas mais frias.

Depois de identificar esses mecanismos, a equipe decidiu testar a eficácia de dois compostos diferentes: um destinado a reduzir a produção de LPS e outro com o objetivo de bloquear o TLR4. Ambas as drogas foram eficazes em camundongos e induziram um resultado semelhante ao produzido pela dieta com restrição calórica.

De acordo com Trajkovski, esses resultados poderão avançar o tratamento de pessoas obesas, com uma droga que simula a restrição calórica.

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