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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Extrato de planta amazônica reduz efeitos de obesidade, diz estudo da USP

Estudo, feito em camundongos, mostrou melhoras nos sintomas da obesidade - Getty Images
Estudo, feito em camundongos, mostrou melhoras nos sintomas da obesidade Imagem: Getty Images

Do VivaBem, em São Paulo

23/08/2018 19h32

Uma pesquisa realizada no Instituto de Ciências Biomédicas da USP (Universidade de São Paulo) mostrou que o consumo de extrato da planta amazônica unha-de-gato (Uncaria Tormentosa) melhora os sintomas de obesidade em camundongos. O trabalho, feito pelo grupo da professora Carla Carvalho e que faz parte do doutorado de Layanne Araújo, foi publicado na revista científica Sientific Reports.

A notícia é animadora, uma vez que o número de pessoas com obesidade no mundo tem quase triplicado desde 1975, atingindo os 650 milhões em 2016, segunda a OMS (Organização Mundial da Saúde). Além dos próprios efeitos prejudiciais como o entupimento dos vasos sanguíneos, a obesidade também está ligada ao desenvolvimento de outras condições patológicas, como a diabetes de tipo 2 e a resistência à insulina.

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Embora os especialistas concordem em que a melhor forma de combater a obesidade é a prevenção, existe uma grande demanda por tratamentos que melhorem a saúde e qualidade de vida das pessoas que já estão obesas.

Pensando nisso, os cientistas analisaram a lista de plantas com propriedades terapêuticas aprovadas pelo SUS para ver se faria sentido usá-la neste tratamento. A escolhida foi a unha-de-gato, que é um cipó de florestas tropicais. Considerada uma erva medicinal por algumas populações tradicionais, já se sabe que planta tem substâncias anti-inflamatórias, mas ninguém tinha estudado seus efeitos na obesidade.

"É conhecido que o diabetes tipo 2, associado à obesidade, tem como base uma condição inflamatória subclínica (sem apresentar sintomas). A ideia então foi muito simples: usar um anti-inflamatório dos fitoterápicos da lista e ver se ele poderia ter algum efeito na resistência à ação da insulina associada a obesidade", explicou Carvalho em entrevista ao Jornal da USP.

Como o estudo foi feito?

O extrato de unha-de-gato foi testado em dois grupos de camundongo: animais que foram alimentados com uma dieta gordurenta durante 12 semanas, e camundongos com uma mutação no gene responsável pela leptina, hormônio que inibe a fome -ao carecer de leptina, os camundongos ficam famintos, comem em excesso e ficam obesos poucas semanas após nascer, mesmo com uma dieta normal.

Cinco dias de consumo do extrato de unha-de-gato foram suficientes para que alguns efeitos positivos fossem detectáveis, especialmente no caso dos camundongos sujeitos à dieta gordurenta.

Dentre outras coisas, quando a dieta gordurenta foi acompanhada do extrato de unha-de-gato, os animais engordaram menos apesar de ingerir a mesma quantidade de comida. Além disso, o consumo de unha-de-gato também melhorou a sensibilidade à insulina.

No caso dos camundongos com mutação no gene, o tratamento com unha-de-gato não alterou o peso e teve um efeito menor sobre os parâmetros relacionados à insulina.

Porém, em ambos modelos o tratamento produziu grandes melhorias no fígado, principal órgão metabólico do organismo. Tanto a inflamação como o acúmulo de gordura, dois efeitos caraterísticos da obesidade no fígado foram reduzidos após o tratamento.

"A Uncaria, por só cinco dias nos animais, foi capaz de transformar uma esteato-hepatite incipiente em uma esteatose sem inflamação. Diminui o grau da doença gordurosa hepática", disse Carvalho ao Jornal da USP.

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