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Existe um número máximo de amigos que uma pessoa consegue ter?

Ciência já tentou mensurar quantos amigos uma pessoa consegue ter - iStock
Ciência já tentou mensurar quantos amigos uma pessoa consegue ter Imagem: iStock

Carol Salles e Luiza Domingues

Colaboração VivaBem

23/08/2018 04h00

Nas redes sociais, não são incomuns perfis que somam 2 mil, 3 mil amigos --até 5 mil, que é o limite permitido pelo Facebook, por exemplo. Mas, na vida real, alguém consegue, mesmo, ter tantos amigos assim?

Para fazer essa conta, primeiro, é preciso entender o conceito de amizade. “Ela pode ser definida como um tipo de relacionamento significativo para os indivíduos envolvidos nessa troca social. Engloba, em maior ou menor grau, a vivência recíproca de aspectos como companheirismo, ajuda, autovalidação (ou seja, receber incentivos à autoestima), intimidade, aliança confiável e segurança emocional”, diz Karine Brito dos Santos, doutora em psicologia clínica pela UnB (Universidade de Brasília).

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“De modo geral, os amigos íntimos são vistos como uma importante fonte de apoio, juntamente com a família, mas a relevância dada aos amigos varia em cada faixa etária, em função do gênero e de outras variáveis”, completa.

Para Luciana Karine de Souza, doutora em psicologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e uma das autoras do livro “Amizade em Contexto: Desenvolvimento e Cultura” (ed. Casa do Psicólogo), o ponto principal é que amigos possuem interesses em comum, que se concretizam em atividades que realizam juntos. “Para o conceito de amizade mais 'comum', precisamos de aspectos como ajuda emocional ou instrumental, companheirismo e autovalidação”, considera.

Perdão, amizade, briga - iStock - iStock
Amizades mais próximas incluem segurança emocional
Imagem: iStock

Além disso, existem também as amizades prazerosas, com quem compartilhamos momentos divertidos, por exemplo. “Em outro nível de amizade, mais próxima, é preciso acrescentar outros três ingredientes: segurança emocional, ser um aliado em quem você pode confiar e intimidade --poder compartilhar segredos com ele --, permitir a ele conhecer suas fraquezas e erros”, diz.

Eu quero ter, no máximo, 150 amigos

O conceito de amizade, portanto, é elástico. Como, então, contar os amigos? Nos anos 1990, o britânico Robin  Dunbar, antropólogo, psicólogo professor da Universidade de Oxford, lançou uma teoria segundo a qual o número máximo de amizades que alguém consegue ter é, em média, 150. Ele vai além e categoriza: dentre esses 150, 50 são bons amigos, 15 podem ser chamados de melhores amigos e apenas 5 são íntimos.

Para estimar esse valor, Dunbar baseou-se em seus estudos feitos com grupos de primatas, comparando-os a grupos humanos existentes ao longo da História --segundo ele, 150 era o número típico dos grupos humanos antes da agricultura e da pecuária (ou seja, quando o homem precisava caçar e coletar alimentos).

A estimativa, no entanto, é polêmica, pois não fica claro o que ele considera como amizade em sua pesquisa. “Qualquer adulto que sentar e fizer uma lista de amigos, precisará de critérios para fazê-la. Por exemplo: trata-se da lista das pessoas que gosto, das pessoas com quem as interações são divertidas ou daqueles para quem eu telefonaria quando precisasse ser resgatado em uma situação difícil?”, pondera Luciana de Souza.

A especialista conclui que não existe um número máximo de amigos que uma pessoa pode ter. As relações mudam, como muda a vida. Ela dá como exemplo a quantidade de pessoas que mantêm amizade pelas redes sociais, sem nunca terem se encontrado pessoalmente, o que muda os conceitos de amizade como eram conhecidos até um tempo atrás. Portanto, não há um consenso de um número de amigos que uma pessoa é capaz de ter.

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As redes sociais ajudam a ter mais amigos?

Depende do seu conceito de amizade. Se levarmos em conta os aspectos citados antes --uma relação onde há afeto, vivência de experiências em comum e intimidade --então não, as redes sociais não fazem crescer o número de amigos. “No entanto, elas podem potencializar relacionamentos, na medida em que pessoas que vivem distantes podem encontrar, através desse meio, uma plataforma de consolidação do vínculo”, pondera Luciana Teles Moura, doutora em psicologia pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).

Já para quem considera a amizade como uma construção mais superficial, então, sim, as redes sociais podem até aumentar a quantidade de amizades, considera a especialista.

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