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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


"O esporte nos rejuvenesce": casal de quase 90 anos pratica 5 modalidades

Ines e Antonio Shimizu começaram com as atividades físicas na faixa dos 50 anos - Arquivo Pessoal
Ines e Antonio Shimizu começaram com as atividades físicas na faixa dos 50 anos Imagem: Arquivo Pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o VivaBem

08/08/2018 04h00

Ines, de 87 anos, e Antônio, com 90, praticam toda semana atletismo, musculação, boxe, tênis, ginástica

Ines Mitsu Shimizu, 87, começou a praticar esportes aos 50 anos de idade por orientação médica. O objetivo era sair do sedentarismo, mas ela pegou gosto pela atividade física, virou praticante de atletismo e se tornou campeã mundial nos 100 m na categoria 80 anos. Nesse depoimento, ela conta da rotina esportiva que leva com o marido, Antonio, 90, do casamento deles e como ter uma longevidade saudável.

“Eu era dona de casa, criava os meus quatro filhos e não tinha tempo para me exercitar. Aos 50 anos, senti uma dor no braço direito e fui ao médico. Ele me orientou a fazer atividade física para movimentar o corpo e sair do sedentarismo. Segui a recomendação dele e comecei a fazer ginástica.

Minha cunhada participava de um grupo da terceira idade que reunia integrantes da colônia japonesa. Nessa turma, havia um senhor que fazia atletismo. Ele me ensinou as técnicas de corrida, percebeu que eu tinha uma boa desenvoltura e me incentivou a disputar os torneios.

Eu e o meu marido, o Antonio, começamos a praticar atletismo. Eu competia nas provas de 100 m, de 200 m, salto em distância, salto em altura e no revezamento 4x100. Ele, no salto triplo, distância e altura.

Participar dos torneios era bom não só pela competição, mas também pela oportunidade de estar perto das pessoas, de viajar e de me divertir. Pude conhecer vários lugares, como o Peru, Chile, Uruguai, Argentina, Canadá, França, Japão.

Sou uma competidora nata, fazia as provas sempre com o objetivo de melhorar a performance e de superar as minhas marcas. Ganhei 25 títulos em primeiro lugar, o maior deles é o de campeã mundial nos 100 m na categoria 80 anos, que inclui veteranas dessa idade até os 85 anos. Eu tinha 82 anos na época. Representar o Brasil era muita responsabilidade. Meu marido também foi campeão 11 vezes.

Veja também:

Fazemos exercício físico a semana toda: atletismo, musculação, boxe, tênis, ginástica

Ines e Antonio Shimizu - boxe - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Hoje tenho 87 anos e o Antonio, 90. O esporte continua fazendo parte da nossa vida. Às segundas e quartas, temos musculação e boxe. De terça e quinta fazemos aula de educação física, e às sextas, aula de tênis. No sábado, às 6h30 da manhã, meu marido dá aula de ginástica calistênica gratuitamente para a terceira idade numa praça pública. E no domingo fazemos mallet golf. Continuamos competindo nas modalidades de salto e corrida do atletismo.

Algumas pessoas podem achar nossa rotina pesada levando em consideração a nossa idade, mas nosso corpo já se acostumou. Não nos sentimos cansados, pelo contrário, temos bastante disposição.

Em meio a tudo isso, ainda arranjamos um tempinho para dançar. Eu adoro aprender coreografias. Danço tchá tchá tchá, tango, bolero, quadrilha, dança de salão e samba. Não sambo bem como as mulatas, mas tento. Quando estamos em algum hotel ou festa, eu e meu marido somos os primeiros a dançar e a animar o pessoal.

Nas horas vagas, gosto de jogar cartas, de viajar com o Antonio e com os nossos amigos. A amizade é importante para ter comunhão. É triste não ter amigos, não ter com quem conversar ou dar risada. Uma pessoa solitária tende a reclamar. Isso atrai coisas negativas para a vida dela. A amizade afasta qualquer sentimento de solidão e de abandono.

Com 60 anos de casados, eu e meu marido continuamos namorados

Ines e Antonio Shimizu - na igreja - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Este ano eu e o Antonio completamos 60 anos de casados. Dizem que com o tempo é normal o casamento se desgastar, mas o segredo é continuar com as mesmas atitudes do início do relacionamento. Até hoje somos namorados. Meu marido é muito cavalheiro, abre a porta do carro para mim, não me deixa carregar peso, me surpreende com presentes.

Graças a Deus não tenho nenhum problema de saúde e não tomo nenhuma medicação. Não falo e nem penso em doença, priorizo a prevenção. Se sai um artigo científico, de credibilidade, falando sobre os benefícios de um alimento, por exemplo, meu marido recorta, tira cópia e distribui para os colegas que fazem atividade física conosco. Colocamos as dicas em prática. Além disso, não bebemos, não fumamos e temos uma alimentação regrada.

Longevidade saudável: não pense na velhice e não se limite

Ines e Antonio Shimizu - viajando - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

O esporte nos dá vitalidade e nos rejuvenesce. Não sinto que tenho a idade cronológica que tenho. Quando eu ficar velha e não conseguir mais sair de casa, vou adotar um cachorrinho para me fazer companhia.

Na minha opinião, a primeira coisa para ter uma longevidade saudável é não pensar na velhice, a segunda é não se limitar e eliminar pensamentos como ‘isso não é para a minha idade’. Se necessário, a pessoa pode fazer adaptações, mas nunca deixar de fazer as coisas. A vida é bela quando bem vivida”.

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