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Mulheres com ovários policísticos têm maior risco de ter filhos com autismo

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Imagem: iStock

Do VivaBem

04/08/2018 14h39

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) atinge até 18% das mulheres em idade fértil. No Brasil são registrados cerca de 2 milhões de novos casos por ano. Além dos sintomas comuns, como bolsas cheias de líquido (chamadas folículos) nos ovários, ciclos menstruais irregulares e excesso de pelos corporais, o problema também aumenta a propensão de essas mulheres terem uma criança autista.

A descoberta é de um estudo realizado por uma equipe do Centro de Pesquisa de Autismo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. A pesquisa foi publicada na quarta-feira (1) no periódico Translational Psychiatry.

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Anteriormente, esse grupo de cientistas mostrou que, antes de nascer, crianças autistas têm níveis elevados de hormônios sexuais (incluindo testosterona), que "masculinizam" o corpo e o cérebro do bebê. A descoberta de que os hormônios esteroides sexuais pré-natais estão envolvidos no desenvolvimento do autismo é uma possível explicação para o motivo pelo qual o transtorno é diagnosticado com mais frequência em meninos.

Por esse motivo, os pesquisadores decidiram entender se esses hormônios sexuais elevados vinham da mãe. Se ela tivesse níveis mais altos de testosterona do que o normal, como é o caso em mulheres com SOP, algum hormônio poderia atravessar a placenta durante a gravidez, expondo seu feto a mais desse hormônio e mudando o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Usando dados de um grande banco de dados de registros de saúde, o estudo analisou 8.588 mulheres com SOP e seus primogênitos, em comparação com um grupo de 41.127 mulheres sem SOP. A equipe descobriu que, mesmo depois de levar em conta outros fatores (como problemas de saúde mental materna ou complicações durante a gravidez), mulheres com SOP tinham 2,3% de chance de ter um filho autista, em comparação com 1,7% de chance de mães sem SOP.

A equipe enfatizou que a probabilidade de ter uma criança autista ainda é muito baixa, mesmo entre as mulheres com SOP. Mas encontrar esse elo fornece uma pista importante para a compreensão de um dos múltiplos fatores causais no autismo.

Mulheres autistas têm mais SOP

Os pesquisadores também realizaram dois outros estudos usando os mesmos dados e descobriram que as mulheres autistas eram mais propensas a ter SOP, e as mulheres com SOP eram mais propensas a ter autismo. Isso sugere fortemente que essas duas condições estão ligadas, provavelmente porque ambas compartilham níveis elevados de hormônios esteroides sexuais.

"Esta é uma importante evidência para a teoria de que o autismo não é causado apenas por genes, mas também por hormônios esteróides sexuais pré-natais. como a testosterona", afirma Adriana Cherskov, aluna de mestrado que analisou os dados, e que atualmente estuda medicina nos EUA.

Carrie Allison, que supervisionou a pesquisa, conclui que é preciso pensar sobre as medidas práticas para apoiar as mulheres com SOP durante a gravidez. “A probabilidade é estatisticamente significativa, mas ainda assim pequena. A questão é que queremos ser transparentes com essa nova informação."

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