Obesidade aumenta período em que o vírus da gripe pode ser transmitido

Além de estar associada a 14 diferentes tipos de cânceres e a doenças cardíacas, a obesidade também impacta na transmissão da gripe. A conclusão é de um estudo publicado no periódico The Journal of Infectious Diseases nesta quinta-feira (2).

Analisando dados de aproximadamente 1.800 habitantes de Manágua, na Nicarágua, os pesquisadores investigaram o efeito da obesidade sobre a duração do período em que o vírus pode ser transmitido ao longo de três temporadas de influenza, de 2015 a 2017.

Adultos obesos com sintomas de gripe e influenza confirmada por laboratório espalharam o vírus influenza A 42% mais do que adultos com gripe que não eram obesos. Entre os indivíduos obesos infectados com gripe que estavam apenas levemente doentes ou sem sintomas, a diferença foi ainda maior: esses adultos espalharam o influenza A por 104% mais tempo do que os adultos não obesos com gripe.

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"Esta é a primeira evidência real de que a obesidade pode afetar mais do que apenas a gravidade da doença", diz o autor principal do estudo Aubree Gordon, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. "Isso pode afetar diretamente a transmissão também."

A duração do alastramento do vírus foi determinada por testes de amostras do nariz e da garganta, que detectaram a presença do RNA do influenza. Pesquisas adicionais, já em curso, ajudarão a determinar se o vírus da gripe espalhado por longos períodos por indivíduos obesos é de fato infeccioso e pode transmitir a doença para outras pessoas, de acordo com Gordon.

A explicação para a associação entre as doenças pode estar no impacto do sobrepeso ao corpo. Segundo o autor da pesquisa, a obesidade pode alterar a resposta imunológica do organismo e levar à inflamação crônica, que é elevada com a idade, além de dificultar a respiração e aumentar a necessidade de oxigênio. Esses fatores podem ajudar a explicar como a obesidade pode afetar o risco, a gravidade e o potencial de transmissão da gripe.

"Portanto, é ainda mais importante desenvolver estratégias efetivas para prevenir e controlar a influenza, especialmente na população com sobrepeso e obesidade, o que poderia ser um desafio, devido às fracas respostas vacinais nessa população", escreve a pesquisadora Stacey Schultz-Cherry, do St. Jude Children's Research Hospital, no artigo. "Com foco crescente no desenvolvimento de uma vacina universal contra influenza, uma proteção melhor contra a gripe está no horizonte. A questão é se essas abordagens protegerão esta população-alvo e reduzirão a duração do alastramento do vírus."

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