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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Ritah tentou se matar correndo 60 km, e o esporte virou razão para viver

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Elcio Padovez

Colaboração para o VivaBem

28/07/2018 04h00

Quem vê a rotina agitada e o prazer com que Maria Ritah Fernandes aproveita cada dia não imagina que, há 15 anos, a manauara perdeu completamente a vontade de viver. Aos 51, ela é ultramaratonista, trabalha como corretora de seguros, se dedica ao quarto semestre da faculdade de jornalismo e está sempre em busca de novos desafios. Cenário completamente diferente ao de julho de 2003.

Nesse ano, ela perdeu o marido em um acidente. Sofrendo com o luto, decidiu se matar e se inscreveu em uma corrida de 60 km, pois acreditava que morreria de tanto esforço. Quando chegou à largada da prova dois dia depois, sem qualquer treinamento, e pensou: "Esse será meu fim". Mal sabia Maria Ritah que era seu recomeço. 

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“Quando meu marido, o Jomar Júnior, morreu, eu era dona de casa e nós tínhamos dois filhos gêmeos de oito anos. Fiquei desesperada, não sabia como iria criar os meninos, não tinha nem casa própria. Quando soube desta corrida do exército, consegui uma inscrição e na minha cabeça, ao percorrer uma distância dessas eu teria algum problema cardíaco e morreria”, relembra.

Enquanto trotava ou caminhava para superar cada quilômetro da prova Guerreiros da Selva, Maria Ritah tirou sua vida a limpo. Foram 12 longas horas de muita reflexão. Ao fim da experiência, ela ainda estava viva, e decidida a escrever uma nova história dali em diante.

O renascimento veio com muito suor

Maria Rita frente corrida - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Para cuidar dos filhos Jordy e Yves, a hoje ultramaratonista arrumou emprego na área de produção de uma TV local. Após três anos, decidiu trocar de área e começou a vender imóveis. Além de trabalhar, correr também passou a ser uma das suas prioridades.

Para conciliar todos os compromissos, ela colocava o relógio para tocar cedo, às 4h30 da manhã. “Até hoje, faço exercício das 5h às 7h, é meu momento comigo. Treino corrida e também gosto muito de pedalar.”

A alimentação também se transformou radicalmente. Maria, com 1,56 m, adotou a dieta paleolítica, e só consome alimentos naturais, como nozes, verduras, carnes e ovos. A dedicação à atividade física e à alimentação saudável moldaram seu corpo: o peso caiu de 62 para 53 kg.

Tanta dedicação às pistas, além de ajuda dos amigos e patrocínios pontuais, fizeram a manauara ampliar seus horizontes no universo das corridas. Ela já correu muitas provas no Brasil, encarou a Comrades, ultramaratona mais importante do mundo, realizada na África do Sul, e encarou desafios no deserto do Saara e na Índia.

Ela quer se tornar uma "Ironwoman"

Maria rita corrida amigo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Só a corrida e o pedal não deram conta da disposição que Ritah tem. "De uns meses para cá, também comecei a nadar e resolvi me aventurar no triatlo." Ela sonha em completar um Ironman, prova com aproximadamente 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. 

"Aprender a me movimentar bem na água está sendo muito difícil, mas acredito que vou conseguir." Não dá para duvidar que alguém que já superou tanto na vida, de braçada em braçada, mais uma vez vai encontrar o caminho para chegar lá.   

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