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Mesmo com anestesia geral, cérebro ainda pode ficar parcialmente consciente

Os registros de eletroencefalograma mostraram uma reversão do sono profundo e aumento da consciência reflexiva - iStock
Os registros de eletroencefalograma mostraram uma reversão do sono profundo e aumento da consciência reflexiva Imagem: iStock

Do VivaBem

05/07/2018 10h12

Além das complicações, talvez o maior medo relacionado à anestesia geral seja acordar durante uma cirurgia. Apesar de raros, casos de pacientes recuperarem a consciência durante procedimentos cirúrgicos ocorrem. Um novo estudo, no entanto, mostrou que quando se trata de anestesia geral, o cérebro pode estar em um estado mais ativo do que os cientistas pensavam.

Publicada no periódico Anesthesiology, a pesquisa sugere que algumas partes do cérebro ainda são capazes de processar sensações do ambiente, mesmo que o paciente não consiga se lembrar de nada ao acordar.

Os pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, compararam os efeitos neurológicos de dois medicamentos comumente usados para deixar os pacientes sem reação antes de cirurgias: o sedativo dexmedetomidina e o anestésico geral propofol. Eles aplicaram os medicamentos em 47 voluntários saudáveis e registraram suas ondas cerebrais.

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Os resultados foram assustadores. Metade dos indivíduos do grupo que tomou dexmedetomidina foi despertada com um breve chacoalhada e um grito alto. Além disso, 42% dos que receberam propofol também poderiam ser acordados e ficar em um estado grogue.

Os registros de eletroencefalograma mostraram uma reversão do sono profundo e aumento da consciência reflexiva. Mais tarde, os voluntários dos grupos do sedativo e do anestésico puderam relembrar o evento. "Quase todos os participantes relataram experiências oníricas que às vezes se misturavam com a realidade", diz o psicólogo Antti Revonsuo, um dos autores do estudo.

As gravações de eletroencefalograma indicaram que os voluntários que estavam profundamente sedados ainda podiam ouvir as frases confusas e estavam tentando entender, mesmo que mais tarde não se lembrassem de ouvir as frases. Os que tomaram propofol, entretanto, nem sequer tentaram interpretar as palavras estranhas, e suas ondas cerebrais continuamente cochilando.

O problema é que quando os pacientes de ambos os grupos escutavam sons desagradáveis, todos pareciam estar prestando atenção. Ao acordar, os cérebros de ambos os grupos reagiram significativamente mais rápido ao ruído, como se tivessem aprendido a reconhecê-lo. "Em outras palavras, o cérebro pode processar sons e palavras, mesmo que o sujeito não se lembre disso depois", diz o anestesiologista Harry Scheinin, coautor da pesquisa.

Mas antes que você fuja de uma cirurgia por causa da anestesia, os cientistas afirmam que isso não significa que podemos sentir o corte do bisturi. Ao invés disso, o cérebro se comporta como se estivéssemos dormindo e ainda presta certa atenção, mesmo que nossa consciência esteja “desligada”.

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