Ter cárie não é só uma questão de higiene, também pode ser genético
Nós estamos acostumados a pensar que as cáries aparecem quando não escovamos os dentes direto ou deixamos muito doce na nossa boca, mas os cientistas mostram que as causas dessa doença são mais complexas do que isso.
A pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo), Erika Calvano Kuchler, investigou marcadores genéticos específicos do DNA para avaliar se a propensão à cárie está relacionada à genética. "Nos primeiros resultados da análise em três estados do país já se percebe a variabilidade", disse Kuchler em entrevista ao Jornal da USP.
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A ideia da cientista era identificar a possibilidade de que a variação em microRNAs (pequenos RNAs conservados ao longo da evolução e que regulam a expressão do DNA) pode estar envolvida na suscetibilidade de uma pessoa apresentar cárie, uma vez que há quem sofra com a doença mesmo tendo uma boa higiene bucal. "É possível que microRNAs funcionem como um biomarcador para a cárie, de acordo com o perfil genético do paciente," resumiu.
Para estabelecer biomarcadores e explicar que o aparecimento de cárie pode ter vários fatores, desde o ambiente em que vivemos até variações genéticas, a pesquisadora coletou saliva de 222 crianças de Ribeirão Preto, 678 do Rio de Janeiro e 90 de Manaus.
Os resultados preliminares do estudo nessas três populações apresentaram diferenças genéticas entre as crianças para propensão a ter cárie, mostrando que o ambiente em que cada uma está inserida pode influenciar na doença, assim como a genética.
Para deixar o resultado mais rico, a pesquisa vai abranger a população nacional. "O Brasil é um país de dimensões continentais, com uma variabilidade étnica e cultural muito grande, por isso um estudo englobando crianças de diferentes regiões pode gerar resultados mais robustos sobre a associação de biomarcador com a suscetibilidade à cárie," afirmou Kuchler.
As descobertas sobre genética e cárie poderão facilitar a identificação do conjunto de genes que são associados ao maior risco de aparecimento da doença e detectar bem cedo crianças com maior predisposição, o que possibilitará um melhor tratamento preventivo.
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