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Cientistas identificam moléculas que regulam hormônio no câncer de próstata

Do VivaBem, em São Paulo

22/06/2018 11h51

Considerado o tipo mais comum no Brasil, o câncer de próstata é causado por problemas genéticos, uso de anabolizantes, má alimentação, obesidade, entre outros. Na maioria dos casos, o aumento das células tumorais é estimulado pela ação de hormônios masculinos, ou andrógenos, como a testosterona e a diidrotestosterona (DHT).

Para que isso ocorra, essas substâncias precisam se ligar a uma proteína conhecida como receptor de andrógeno, geralmente localizada no citoplasma das células da próstata. Ao se unirem, hormônio e receptor migram para o núcleo celular, onde podem ativar ou inibir uma série de genes, criando um padrão de expressão gênica favorável à proliferação tumoral.

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Um novo estudo publicado na revista Frontiers in Genetics identificou 600 novas moléculas de RNA-do tipo que não codifica proteína-que aparentemente fazem uma regulação fina desse processo.
“Esse trabalho levanta a hipótese de que alguns desses RNAs longos não codificadores sejam responsáveis por tornar o tumor de próstata mais agressivo.

Se confirmada em futuros estudos, a descoberta abre um mundo de novas possibilidades”, diz Sergio Verjovski-Almeida, pesquisador do Instituto Butantan e coordenador da pesquisa.

Apenas 2% do genoma humano produz as moléculas de RNA mensageiro – aquelas que contêm informações para a síntese de proteínas. Os outros 98%, que no passado foram considerados “DNA lixo”, produzem diferentes tipos de RNA não codificadores, que atuam modulando a expressão de genes vizinhos ou a ação das proteínas por eles produzidas.

Desse modo, por meio de uma regulação epigenética (que não altera o DNA em si, mas a forma como ele é expresso) eles moldam o funcionamento do genoma.

Como o estudo foi desenvolvido

A investigação teve início com um sequenciamento em larga escala e bastante aprofundado de moléculas expressas em uma linhagem de câncer de próstata. Esse tipo de análise permite sequenciar bilhões de nucleotídeos ao mesmo tempo, aumentando a possibilidade de detectar moléculas expressas em pequenas quantidades, que passariam despercebidas em estudos mais superficiais.

Na sequência, os pesquisadores decidiram avaliar novamente dados brutos de estudos já publicados por outros grupos – que comparavam moléculas expressas em tumores de pacientes com aquelas expressas em tecido sadio de próstata – à luz desses novos achados.

Ao analisar pela segunda vez os dados brutos das pesquisas publicadas, o grupo do Butantan notou que 65 RNAs longos não codificadores estavam mais expressos nos tumores de próstata do que no tecido sadio.

O passo seguinte foi avaliar se os RNAs longos não codificadores identificados eram capazes de interagir com o receptor de andrógeno. Para isso, os pesquisadores usaram uma técnica conhecida como imunoprecipitação de RNA (RIP, na sigla em inglês).

Com auxílio de uma ferramenta de aprendizado de máquinas, o grupo observou que nos locais do genoma em que os genes tinham sua expressão alterada pelo receptor de andrógeno, os RNAs longos não codificadores estavam presentes.

A ferramenta permitiu identificar que naqueles locais também se concentravam certas histonas ativadoras da expressão – proteínas que modulam a organização espacial do DNA genômico no núcleo e favorecem ou inibem a expressão dos genes. De modo geral, na presença dessas moléculas reguladoras, os genes estavam mais ativos. (Com Agência Fapesp)

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