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Implante cerebral pode tratar casos resistentes de depressão

Implante cerebral promete mudar a vida dos indivíduos que sofrem com a depressão há anos - iStock
Implante cerebral promete mudar a vida dos indivíduos que sofrem com a depressão há anos Imagem: iStock

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em Gramado (RS)

21/06/2018 14h58

Os suicídios de Anthony Bourdain e Kate Spade trouxeram novamente à tona a discussão sobre depressão. Embora antidepressivos, eletrochoques e psicoterapia sejam eficazes para a maioria das pessoas diagnosticadas com a doença, mais de 10% dos pacientes são resistentes a esses tratamentos. Um implante cerebral, no entanto, promete resolver o problema e mudar a vida dos indivíduos que sofrem com a depressão há anos.

“Nosso conceito sobre a depressão está mudando. Por muito tempo acreditamos que ela estava relacionada à baixa produção de noradrenalina e serotonina, por exemplo, mas isso está provavelmente errado”, sugere o psiquiatra Thomas Schlaepfer, professor de psiquiatria da Universidade de Friburgo, na Alemanha.

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De acordo com o especialista, as redes do cérebro são ainda mais importantes quando o assunto é depressão. “O centro de decodificação de emoções, principalmente o sistema de recompensa, que pode dizer o que é bom e ruim para nós, é a chave para um tratamento funcionar nesses pacientes resistentes.” Schlaepfer afirma que a depressão leva a uma desregulação desse sistema de recompensa, já que esses indivíduos não têm vontade de atingir nenhuma meta, não sentem prazer com nada, nem comida. Então, há 15 anos, ele e seus colegas começamos a estudar a estimulação cerebral.

No início dos testes, 50 pacientes responderam bem à chamada “Deep Brain Stimulation” (DBS), ou estimulação cerebral profunda, dessa parte de recompensa. Depois, após diversos experimentos, os cientistas perceberam que mesmo a baixa estimulação (cerca de dois volts) tem alta resposta. Dois estudos mostraram que os efeitos foram eficazes e rápidos e tiveram efeitos a longo prazo. “Após quatro anos de estimulação o grupo inteiro continuou a responder ao tratamento e sofreram uma mudança de vida. Os pacientes voltaram a trabalhar, a relação familiar mudou, os sintomas diminuíram”, diz Schlaepfer.

Dispositivo é implantado

O problema do DBS é que ele é bem caro e custa cerca de US$ 50 mil a US$ 200 mil dólares, pelo menos na Alemanha. Mas ele permite um tratamento eficaz de vários tipos de depressões e sistemas disfuncionais do cérebro, e fazem essas áreas funcionarem corretamente por meio de uma estimulação elétrica.

A DBS consiste na implantação de uma espécie de marca-passo no cérebro. Uma bateria é colocada no peito e é conectada a dois eletrodos que ficam no cérebro. A grande vantagem é que esse aparelho estimula os sistemas de recompensa do cérebro constantemente, corrigindo as áreas disfuncionais. A cada quatro semanas a bateria que fica no peito deve ser carregada e, a cada quatro anos, substituída.

Atualmente, o dispositivo existe no Brasil e é usado para o tratamento do Parkinson. Para pacientes com a doença, a DBS promove o controle dos tremores, rigidez e o excesso de movimentos involuntários. O uso para indivíduos com depressão ainda está sendo investigado.

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