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Mutações de proteína ligada a Alzheimer podem aumentar risco de câncer

Pacientes portadores de mutações tau geralmente são atendidos por problemas neurodegenerativos - Getty Images
Pacientes portadores de mutações tau geralmente são atendidos por problemas neurodegenerativos Imagem: Getty Images

Do VivaBem, em São Paulo

27/05/2018 13h05

Mutações da proteína tau, tradicionalmente associadas a distúrbios neurodegenerativos, podem servir como um novo fator de risco para o câncer. Foi o que descobriu um estudo publicados na Cancer  Research, revista da American Association for Cancer Research.

Abundantes nos neurônios do sistema nervoso central, e menos comuns em outros locais, as proteínas tau servem para estabilizar os microtúbulos e, quando possuem defeitos, podem levar ao aparecimento de estados de demência, como a doença de Alzheimer e a degeneração lobar frontotemporal (DLFT).

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Trabalhos anteriores no laboratório de Fabrizio Tagliavini, diretor científico do Instituto de Neurologia da Fundação IRCCS Carlo Besta, em Milão (Itália), descobriram que mutações em tau levaram a defeitos de cromatina e anormalidades cromossômicas.

"É bem conhecido que as aberrações cromossômicas são frequentemente associadas ao câncer", disse o pesquisador. "Portanto, decidimos determinar se havia uma possível associação entre as mutações tau e o câncer".

Como foi

Tagliavini e colegas analisaram a incidência de câncer em 15 famílias portadoras de sete diferentes mutações tau e afetadas por FTLD. Para calcular o risco da doença, cada família mutante de tau foi combinada com três famílias de referência com características similares (idade do sujeito de controle, gênero e localização nativa correspondente à pessoa afetada com DLFT).

Quinze por cento dos indivíduos de famílias com mutações tau desenvolveram câncer, enquanto apenas 9% dos indivíduos das famílias de referência tiveran câncer. Os tipos da doençar em ambas as coortes foram variáveis, fazendo com que as mutações tau não fossem associadas com cânceres específicos.

Após a análise multivariada, os pesquisadores determinaram que os indivíduos de famílias com mutações tau eram 3,72 vezes mais propensos a desenvolverem câncer em comparação com as famílias de referência.

Os pesquisadores também usaram uma análise de bioinformática para entender as interações da proteína tau com outras proteínas. Eles descobriram que quase um terço das proteínas com as quais a tau interage estavam envolvidas no metabolismo do DNA e no controle do ciclo celular; regulação aberrante desses processos-chave pode levar ao câncer, explicou Tagliavini.

Pacientes portadores de mutações tau geralmente são atendidos por neurodegeneração, explicou o pesquisado. "No entanto, com a confirmação de nossos resultados, esses pacientes também podem ser monitorados quanto ao risco de desenvolver câncer. Os médicos devem levar em conta ambos os aspectos da patologia tau."

As limitações do estudo incluem a falta de análises genéticas de vários pacientes e indivíduos de famílias de referência devido à indisponibilidade de DNA. "A análise de dados de pacientes ausentes teria permitido uma correlação mais significativa entre o câncer e as mutações tau, que tiveram que ser inferidas com a análise estatística", observou Tagliavini.

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