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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Cientistas descobrem como bloquear efeitos negativos da solidão no cérebro

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Do VivaBem

19/05/2018 11h00

O isolamento social crônico tem efeitos debilitantes na saúde, como doença cardíaca, artrite, diabetes tipo 2, demência e depressão. Agora, uma equipe de pesquisadores descobriu que a solidão provoca o acúmulo de uma determinada substância química no cérebro e que o bloqueio dela elimina os efeitos negativos do isolamento na saúde mental.

O estudo, publicado na quinta-feira (17) no periódico Cell, mostrou que o isolamento social prolongado (no experimento, os animais ficaram duas semanas sozinhos) leva a uma ampla gama de mudanças comportamentais em camundongos, incluindo aumento da agressividade em relação a desconhecidos, medo persistente e hipersensibilidade a estímulos ameaçadores.

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Após os testes, os pesquisadores descobriram que o isolamento crônico leva a um aumento na expressão de um gene chamado Tac2 e na produção de um neuropeptídio chamado NkB em todo o cérebro. Ambos são produzidos por neurônios em regiões específicas do cérebro do camundongo, como a amígdala e o hipotálamo, que estão envolvidos no comportamento emocional e social.

No entanto, após administrarem um fármaco que bloqueia quimicamente os receptores específicos de NkB nos animais, os cientistas perceberam que os ratos estressados ​​se comportaram normalmente, eliminando os efeitos negativos do isolamento social.

Solidão, idosa, velhice - iStock - iStock
Solidão prevalece em adolescentes e jovens adultos, e na terceira idade
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Os pesquisadores também inibiram a função do Tac2 e seus receptores em múltiplas regiões cerebrais específicas e descobriram que a supressão desse gene na amígdala eliminou o aumento dos comportamentos de medo, mas não a agressão, enquanto que, inversamente, a supressão do gene no hipotálamo eliminou o aumento da agressão, mas não o medo persistente. Os resultados implicam que Tac2 deve aumentar em diferentes regiões do cérebro para produzir os vários efeitos do isolamento social.

Embora o trabalho tenha sido feito em camundongos, ele tem implicações potenciais para entender como o estresse crônico afeta os seres humanos. "Os seres humanos têm um sistema de sinalização Tac2 análogo, o que implica possíveis traduções clínicas deste trabalho", diz Moriel Zelikowsky, principal autor do estudo.

De acordo com Zelikowsky, isso pode ajudar a criar medicamentos mais eficazes para a saúde mental no futuro: "Quando olhamos para o tratamento de transtornos mentais, tradicionalmente focamos nos neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que circulam amplamente por todo o cérebro. Mas manipular amplamente esses sistemas pode levar a efeitos colaterais indesejados. Um neuropeptídio como o Tac2 é uma abordagem promissora para tratamentos de saúde mental."

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