Bactérias do intestino influenciam no aparecimento de doenças neurológicas
Apesar de desempenharem um papel importante na busca por tratamento de algumas doenças, não é novidade que os micróbios que vivem no intestino não são tão bonzinhos assim. Dessa vez, um estudo publicado no periódico Nature encontrou uma conexão entre a microbiota e o cérebro, sugerindo que esses bichinhos influenciam a progressão de doenças neurodegenerativas. A descoberta pode ajudar a orientar terapias para a esclerose múltipla e outras doenças neurológicas.
Para conduzir o estudo, a equipe de pesquisa examinou micróbios intestinais e a influência de mudanças na dieta em um camundongo com esclerose múltipla. Eles descobriram que, ao comerem alimentos ricos em aminoácido triptofano (encontrado em peixes, peru, ovos, nozes, castanhas, feijão, lentilha, soja, semente de abóbora, linhaça, aveia, arroz integral e chocolate amargo), os ratos ativando uma via anti-inflamatória que limita a neurodegeneração.
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A equipe relata que os subprodutos que os micróbios produzem quando decompõem o triptofano da dieta podem limitar a inflamação no cérebro por meio de sua influência na microglia, uma parte integrante do sistema imunológico do organismo. A microglia é responsável por livrar o sistema nervoso central de células danificadas e outros materiais que precisam ser limpos. Mas ela também pode secretar compostos que induzem propriedades neurotóxicas nas células cerebrais em forma de estrela, conhecidas como astrócitos. Acredita-se que esse dano contribua para muitas doenças neurológicas, incluindo a esclerose múltipla.
Embora alguns estudos tenham examinado como os subprodutos de organismos que vivem no intestino podem promover inflamação no cérebro, a pesquisa atual é a primeira a relatar como os produtos microbianos podem agir diretamente na microglia para prevenir a inflamação. "Essas descobertas fornecem uma compreensão clara de como o intestino impacta as células residentes do sistema nervoso central no cérebro", diz um dos autores do estudo Francisco Quintana. "Agora que temos uma ideia dos jogadores envolvidos, podemos começar a ir atrás deles para desenvolver novas terapias para a esclerose múltipla e outras doenças."
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