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Remédio à vista? Pesquisadores corrigiram gene que causa Mal de Alzheimer

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Do VivaBem

11/04/2018 10h39

Pesquisadores da Califórnia, nos Estados Unidos, examinaram o efeito do gene APOE4 em células cerebrais humanas pela primeira vez.

Pela primeira vez, um grupo de cientistas mostrou como um gene causa o Alzheimer e ainda conseguiu corrigir esse gene e apagar seus efeitos negativos no cérebro. Os resultados do estudo são um avanço importante no tratamento da doença.

Publicada no periódico Nature Medicine, na segunda-feira (9), a pesquisa analisou o papel do gene da apolipoproteína (APOE) no desenvolvimento do Alzheimer. Os estudos voltados para esse gene não são novidade. Os pesquisadores, por exemplo, já sabem que ter uma cópia da variante E4 do gene aumenta o risco de desenvolver a doença em duas a três vezes. Ter duas cópias dessa variante genética coloca as pessoas em um risco até 12 vezes maior.

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Normalmente, o papel da APOE é fornecer instruções para criar a proteína com o mesmo nome. Em combinação com gorduras, o APOE cria lipoproteínas, que ajudam a transportar e regular os níveis de colesterol em toda a corrente sanguínea. No entanto, a versão E4 do gene parece ser particularmente prejudicial para o cérebro, com vários estudos mostrando que esta variante genética aumenta o risco de beta-amiloide tóxico e tau --o acúmulo dessas duas proteínas no cérebro são uma das principais características da doença.

Apesar de bastante estudada, até o momento os cientistas não sabiam o que tornava a variante E4 desse gene muito mais prejudicial do que outras variantes. Então, pesquisadores do Gladstone Institutes, em São Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos, examinaram o efeito da APOE4 em células cerebrais humanas pela primeira vez. "Muitas drogas funcionam lindamente em um modelo de camundongo, mas até agora todas falharam em testes clínicos. Uma preocupação dentro do campo tem sido o quanto esses modelos de ratos realmente imitam as doenças humanas", diz Yadong Huang, principal autor do estudo e professor de neurologia e patologia da Universidade da Califórnia.

Aplicando tecnologia de células-tronco às células da pele de pessoas com Alzheimer que tinham duas cópias do gene APOE4, Huang e sua equipe criaram neurônios. Os pesquisadores também criaram células cerebrais usando células da pele de pessoas que não tinham Alzheimer e tinham duas cópias do gene APOE3.

Durante o estudo, os cientistas descobriram que nas células cerebrais humanas a proteína APOE4 tem uma forma anormal que a impede de funcionar adequadamente, levando a uma série de problemas causadores de doenças. Eles também descobriram que "APOE4 aumentou a produção de beta-amiloide em humanos, mas não em camundongos". Segundo Chengzhong Wang, um dos pesquisadores, esta será uma informação muito importante para o desenvolvimento de medicamentos.

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A versão E4 do gene parece ser particularmente prejudicial para o cérebro, com vários estudos mostrando que esta variante genética aumenta o risco de beta-amiloide tóxico e tau
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Corrigindo o gene defeituoso

Como os cientistas também estavam em dúvida se foi a perda de APOE3 ou o acúmulo de APOE4 que causou a doença, eles compararam os neurônios que não produziram a variante E3 ou E4 da proteína com células que tinham APOE4 adicionado a eles. Os resultados mostraram que a E3 continuou a se comportar normalmente, enquanto a adição do APOE4 levou ao Alzheimer. Isso confirmou o fato de que é a presença do APOE4 que causa a doença.

Após a confirmação, Huang e sua equipe procuraram maneiras de "consertar" o gene defeituoso. Para isso, eles aplicaram um "corretor de estrutura" previamente desenvolvido, para mudar a estrutura do APOE4 e fazer com que ele se pareça e se comporte mais como o inofensivo APOE3. Os resultados foram bastante positivos: a aplicação deste composto aos neurônios APOE4 humanos corrigiu os defeitos, eliminando assim os sinais da doença, restaurando a função celular normal e ajudando as células a viver por mais tempo.

De acordo com os pesquisadores, o tratamento de neurônios que expressam APOE4 com um corretor de estrutura melhorou os efeitos prejudiciais, mostrando que a correção da variante E4 é uma abordagem terapêutica viável para a doença de Alzheimer.

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