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Excesso de sal pode aumentar a sua fome e fazer você engordar

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Marcelle Souza

Colaboração para o VivaBem

05/04/2018 04h10

Se você é daquelas pessoas que mal sentam à mesa e já pegam o saleiro antes mesmo de provar a comida, fique atento. O hábito de caprichar no sal pode ser um risco não só para a sua pressão sanguínea, mas também pode fazer você aumentar uns quilos na balança.

Essa é a conclusão de algumas pesquisas recentes, entre elas a coordenada pelo professor Jens Titze, da Vanderbilt University, nos Estados Unidos. Durante o estudo, um grupo de astronautas russos, submetidos a uma longa simulação de voo espacial, receberam a mesma dieta durante meses. A única diferença era a quantidade de sal nos alimentos, que foi reduzida em algumas semanas.

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O primeiro resultado é que os astronautas aumentaram a ingestão de água à medida em que foi reduzido o sal da comida. Isso foi uma surpresa e os pesquisadores não souberam explicar, já que costumamos ter mais sede na medida em que aumentamos a ingestão de sal.

A segunda descoberta é que os astronautas se queixaram mais de fome durante a dieta com excesso de sal, mesmo que a quantidade de comida tenha sido a mesma durante todo o período. Fora do ambiente controlado do estudo, isso pode significar, segundo os pesquisadores, que salgar demais o prato pode aumentar o seu apetite e, consequentemente, fazer com que você ganhe mais peso.

“O que a gente percebe é que o sal, como tempero que dá sabor, facilita o aumento da ingestão calórica e, por isso, pode estar associado ao risco maior de obesidade”, diz a médica endocrinologista Maria Edna de Melo, que é presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

Relação entre o sal e a gordura corporal

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A OMS recomenda o consumo de 5 gramas de sal por dia
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Outros estudos já haviam apontado para essa associação. Em 2015, pesquisadores britânicos e chineses descobriram que pessoas com dietas com alto teor de sal tinham maior porcentagem de gordura corporal. A cada grama extra desse tempero na comida, o risco de obesidade aumentava em 28% entre as crianças e 26% para os adultos.

Uma pesquisa coordenada pelo professor Russell Keast, da Faculdade de Saúde da Deakin University, na Austrália, chegou a uma conclusão na mesma linha: excesso de sal aumenta em 11% a quantidade de alimentos e as calorias ingeridas por adultos. Ou seja, além de fazer você comer mais, o excesso de sal também pode estar associado a comidas que engordam.

“O sal é um nutriente que está muito presente nos produtos ultraprocessados, como salgadinhos de pacote e outras comidas prontas”, diz a nutricionista Daniela de Assumpção, pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Mas calma: o sal não é só vilão

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Temperos dão gosto à comida e, assim, diminuem a vontade de acrescentar sal
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o consumo diário de sal não deve ultrapassar 5 g por dia (aproximadamente uma colher de café). Segundo o Ministério da Saúde, no entanto, o consumo médio do brasileiro é de 12 g diárias, ou seja, mais que o dobro do indicado. O sal é composto por sódio, elemento que, em excesso, pode causar hipertensão --doença que afeta uma em cada quatro pessoas no Brasil.

“O sal é muito importante para as nossas funções vitais, porque ele ajuda no equilíbrio e no funcionamento celular. Por conta dessa regulação química, quando você consome mais sal que o corpo precisa, precisa reter mais líquido e aumenta o volume nos vasos sanguíneos”, explica a endocrinologista da Abeso. O resultado é o aumento da pressão arterial.

A longo prazo, a hipertensão pode causar infartos, AVCs (acidentes vasculares cerebrais) e insuficiência renal.

Mais tempero, menos sal

Se você quer deixar o saleiro um pouco de lado, saiba que é possível fazer isso e ainda melhorar o sabor e a qualidade nutricional da sua comida. “O sal só salga o alimento, o que dá sabor mesmo são os temperos naturais, as ervas secas”, diz a nutricionista da Unicamp.

A saída, então, é usar alho, cebola, orégano, pimenta, cheiro-verde, vinagre, azeite e limão, por exemplo, no preparo das refeições.

“Uma das nossas principais orientações é para que as pessoas cozinhem em casa, porque, ao contrário dos industrializados, quando você prepara um alimento, sabe exatamente a qualidade e a quantidade de cada ingrediente”, finaliza Maria Edna Melo.