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Cientistas de Campinas testam com sucesso vacina contra o câncer em ratos

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Imagem: iStock

Do VivaBem

29/03/2018 19h47

Desenvolver uma vacina contra o câncer é um objetivo que perpetua por séculos na ciência. Pesquisadores brasileiros, inclusive, não ficam atrás e recentemente conseguiram resultados promissores no tratamento de tumores em camundongos. O objetivo da pesquisa, liderada por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, é criar uma vacina capaz de estimular o sistema imune a combater a doença.

Para chegarem a esse resultado, os pesquisadores testaram várias combinações de linhagens tumorais geneticamente modificadas. “Algumas foram capazes de impedir totalmente o tumor de crescer”, disse Marcio Chaim Bajgelman, que está coordenando o doutorado de Andrea Johanna Manrique Rincón, responsável pelo trabalho. “Os resultados sugerem que a resposta antitumoral induzida pelo tratamento é duradoura, o que seria interessante na prevenção de recidivas”, disse Bajgelman à Agência FAPESP.

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Em seu laboratório no LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), o pesquisador desenvolveu duas linhagens de melanoma capazes de secretar substâncias imunomoduladoras. Depois de estabelecidas, as linhagens modificadas foram expostas à radiação. “Quando irradiamos as células tumorais modificadas elas perdem a capacidade de gerar tumor, mas ainda servem para estimular o sistema imune”, explicou.

De acordo com os cientistas, as linhagens foram testadas de maneira isolada e todas elas conseguiram reduzir o crescimento do tumor em comparação ao controle [animais que receberam apenas as células tumorais não modificadas].

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A ideia é que a vacine estimule o sistema imune a combater a doença
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Resultados duraram por um longo tempo

Em outro experimento, os animais que já haviam sido tratados com as combinações de vacinais que impediram o crescimento do tumor foram novamente “desafiados” –30 dias depois – com uma nova injeção de células tumorais não modificadas, com potencial de formar tumores.

“Os animais que não desenvolveram tumor no primeiro protocolo também não desenvolveram nesse segundo desafio. Parece que o organismo criou uma memória imunológica e foi capaz de eliminar as células assim que foram injetadas. Os roedores foram acompanhados por mais de um ano e não manifestaram a doença”, disse Bajgelman.

Segundo o cientista, esse tipo de estratégia poderia ser usado em conjunto com outros tratamentos, como a remoção cirúrgica do tumor e a quimioterapia. “Não é raro sobrarem algumas células tumorais no organismo após o tratamento convencional. A imunoterapia poderia proteger o paciente contra recidivas.”

O grupo do LNBio pretende agora criar linhagens tumorais modificadas a partir de células humanas e iniciar os primeiros ensaios in vitro. “Para isso estamos gerando os vírus recombinantes com genes humanos. A ideia é usar os mesmos imunomoduladores testados em camundongos”, contou Bajgelman.

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Embora a GVAX tenha apresentado resultados animadores em roedores, não foi observado o mesmo desempenho nos ensaios com humanos
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Já existe um modelo de vacina, mas não é funcional em humanos

A GVAX é a vacina mais bem estabelecida na ciência contra o câncer. Ela é composta de células tumorais autólogas (do próprio indivíduo a ser tratado) geneticamente modificadas. “A GVAX foi testada em um modelo tumoral em camundongos, no qual as células de melanoma [sem modificação] são injetadas na veia da cauda. O tumor se instala no pulmão e causa a morte do animal em cerca de 28 dias. Com a GVAX [aplicada após a doença ter sido induzida], foi possível reverter o quadro e aumentar a expectativa de vida nos animais desafiados”, contou Bajgelman

Embora a GVAX tenha apresentado resultados animadores em roedores, não foi observado o mesmo desempenho nos ensaios com humanos. A ideia é que a nova vacina testada pelos cientistas brasileiros tenha resultados melhores.

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