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Cremes dentais não resolvem sozinhos erosão dental e hipersensibilidade

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do VivaBem, em São Paulo

10/02/2018 14h58

Se há 20 anos os cremes dentais voltados para erosão dental e hipersensibilidade dentinária--quando a raiz do dente fica exposta, resultando em dor--nem existiam, o aumento da prevalência de problemas do tipo foi a deixa para a indústria criar uma grande variedade de marcas, com diferentes atributos. Mas parece que esses itens não têm uma ação tão importante quanto se acreditava.

Um estudo em laboratório feito na Universidade de Berna, na Suíça – do qual participou uma bolsista da FAPESP –, descobriu que nenhuma das nove pastas analisadas se mostrou capaz de diminuir um problema elementar à erosão e à hipersensibilidade dentinária: a perda de estrutura do esmalte. No entanto, vale ressaltar que não foi um estudo clínico, envolvendo pacientes, e que também não foi avaliada a questão da dor.

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De acordo com artigo publicado na Scientific Reports, todas as pastas testadas causaram, inclusive, diferentes graus de perda de superfície do dente. E nenhuma delas teve a capacidade de proteger o esmalte da erosão e da abrasão dental.

Foram testadas uma pasta de dentes fluoretada regular (Colgate Caries Protection), além de oito outras pastas dentífricas, onde a reivindicação principal era ser desensibilizante (4 pastas dentífricas) ou anti-erosiva (4 pastas dentífricas), como Sensodyne Repair and Protect, Colgate Caries Protection, Sensodyne Pronamel, Elmex Erosion Protection, Sensodyne Rapid Relief, Blend-a-Med Pro Expert e Blend-a-Med Pro Expert and Regenerate.

Funcionam como complemento

Os autores do estudo ressaltam que esses tipos de pasta têm a sua função. No entanto, devem ser utilizadas como um complemento e não como o tratamento em si. Este deve ser orientado por um cirurgião-dentista, que pode diagnosticar e analisar a melhor estratégia ideal para cada paciente.

"Não é a pasta de dente que vai conseguir resolver o problema totalmente. A erosão dental é multifatorial, tem relação com a escovação e, principalmente, com a alimentação, que está se tornando cada vez mais ácida em virtude, por exemplo, dos alimentos industrializados", explicou Samira Helena João-Souza, doutoranda na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e primeira autora do artigo para a Agência Fapesp.

Mudança do estilo de vida

Segundo a especialista, é necessário haver a associação de, pelo menos, três fatores: o tratamento acompanhado por um dentista, o uso de pastas indicadas e a mudança no estilo de vida do paciente, principalmente nos hábitos alimentares. A erosão dental é a perda de tecidos duros dentários causados por ácidos não bacterianos. Quando associada a ações mecânicas, como a da escovação, resulta no desgaste erosivo.

Nessas situações, é comum o paciente sentir incômodo ao beber ou comer algo gelado, quente ou doce. "E chegar ao consultório achando que é cárie, mas se tratar de uma exposição da dentina causada por escovação errada, com uma pasta de dente muito abrasiva, por exemplo, combinada a um alto e frequente consumo de bebida e alimentos ácidos", disse a professora Ana Cecília Corrêa Aranha, orientadora de João-Souza e também autora do artigo.

Como foi?

No total, foram testadas oito pastas dessensibilizantes e/ou antierosivas e uma pasta controle, todas encontradas em farmácias do Brasil ou da Europa. O estudo também analisou como a interação dos fatores químicos e físicos influencia o desgaste erosivo dos dentes.

Para tanto, foi feita uma simulação do efeito de uma escovação (uma vez ao dia) e da exposição de uma solução ácida no esmalte do dente durante ciclos de cinco dias consecutivos. O estudo usou dentes pré-molares humanos doados para testes científicos, saliva artificial e a escovação com as pastas analisadas.

"Durante as escovações com as misturas das pastas com a saliva artificial notamos que as propriedades das pastas eram diferentes. Por isso, decidimos ampliar as análises, avaliando os fatores químicos e físicos das pastas e deixar o trabalho mais completo", disse João-Souza.

Sem vencedores

De forma geral, o resultado mostrou que nenhum dos produtos foi capaz de prevenir erosão dental ou hipersensibilidade dentinária. De acordo com o estudo, o uso de todas as pastas analisadas apresentou perda de superfície progressiva do dente após os cinco ciclos de escovação.

"Não há uma melhor e a indicação vai depender de cada caso. O teste mostrou que algumas tiveram menos perda de superfície do que outras, mas também não foi muito diferente da pasta controle. Estatisticamente, elas não diferiram, embora numericamente exista diferença”, disse Aranha.

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