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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Febre amarela: o que você deve saber sobre vacina, sintomas e transmissão

Getty Images
Imagem: Getty Images

Por Gabriela Guimarães e Rita Trevisan

Colaboração para UOL

27/12/2017 16h29

Além dos mosquitos transmissores da doença (Aedes aegypti e Aedes albopictus), a febre amarela tem em comum com a dengue a maior parte dos sintomas, confundindo pacientes e até mesmo médicos. Febre, dores e mal-estar são sintomas iniciais.

Quais são os sintomas e a evolução da doença?

Na fase aguda, é comum ocorrer febre, dor de cabeça, dor muscular e mal-estar geral. São, portanto, sintomas bem inespecíficos. Atualmente, o que chama atenção é a pessoa ter passado recentemente por um local onde está ocorrendo surto.

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No exame físico, em casos mais graves, pode-se notar icterícia --quando as mucosas ficam amarelas-- e o fígado com um volume maior. Essa primeira fase dura de três a quatro dias e, em seguida, a doença entra em remissão.

Muitas pessoas se curam nesse momento, porém, há as que entram num segundo estágio, que os médicos chamam de tóxico. É nessa fase que ocorrem as principais complicações da doença, como vômitos, dor abdominal intensa, arritmias cardíacas, convulsões, queda de pressão arterial e sangramentos espontâneos.

Se o paciente sobreviver a esse período, fica completamente curado e imune. A recuperação total pode demorar de três a quatro semanas, mas, ao final dos primeiros 10 dias, há uma significativa melhora. A questão é que, ao contrário da dengue, o risco de morte por febre amarela é altíssimo.

“Estima-se que a dengue seja letal em menos de 5% dos casos diagnosticados. Já a febre amarela pode produzir manifestações clínicas graves e matar até 50% dos indivíduos acometidos pela doença”, afirma Marcelo de Carvalho Ramos, professor da disciplina de infectologia do departamento de clínica médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Vacina previne, mas indicação é apenas para áreas de risco

Repelente, telas nas janelas e roupas que cobrem braços e pernas ajudam a minimizar os riscos de contrair febre amarela. Mas a maneira mais eficiente de se proteger é a vacina. No entanto, até o momento, a indicação dos médicos é que recebam a imunização apenas as pessoas que residem ou que transitoriamente precisem atravessar regiões onde já há casos diagnosticados.

A vacina é feita com vírus vivo, atenuado. A aplicação é intramuscular e uma única dose é suficiente para imunizar adultos pelo resto da vida. Os efeitos adversos são raros, o mais comum é ter dor no corpo uma semana após a vacina.

Não podem receber a vacina pessoas com baixa imunidade --em tratamento de câncer ou transplantados, por exemplo--, crianças com menos de seis meses, mulheres grávidas e alérgicos a ovos. Pessoas acima de 65 anos só devem receber a vacina com indicação médica.

Orientações para a vacinação contra a febre amarela*

- 6 a 9 meses incompletos: somentes em situações de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco.
- 9 meses até completar 5 anos: 1 dose aos 9 meses de idade e reforço aos 4 anos.
- A partir de 5 anos:

  • que receberam 2 doses da vacina: estão imunizados e não precisam mais se vacinar.
  • que receberam uma dose única da vacina: devem tomar o reforço ainda que sejam adultos.
  • que nunca foram vacinados ou sem comprovante de vacinação: administrar a 1ª dose de vacina + 1 dose de reforço após 10 anos
  • 60 anos ou mais (nunca vacinada ou sem comprovante de vacinação): apenas após avaliação médica
  • gestantes: a vacinação é contraindicada; na impossibilidade de adiar, como em situações de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o risco/benefício da vacinação.
  • lactantes de crianças com até 6 meses de idade: a vacinação é contraindicada. Caso tenham recebido a vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso por 28 dias após a vacina.
  • viajantes: viagens internacionais (seguir recomendações do Regulamento Sanitário Internacional) e viagens para áreas com recomendação de vacina no Brasil (vacinar pelo menos dez dias antes da viagem, no caso de 1ª vacinação).

*Informações do Ministério da Saúde.

Fila para vacinação contra febre amarela na UBS Jardim Peri, próximo ao Horto Florestal, na zona Norte de São Paulo, na manhã desta terça-feira (24) - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo - Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Fila para vacinação contra febre amarela na UBS Jardim Peri, na zona Norte de São Paulo
Imagem: Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Doença não tem tratamento

A suspeita de febre amarela pode ser confirmada por um teste laboratorial. Trata-se de um exame de sangue que pesquisa partes do RNA viral ou os anticorpos que estão sendo produzidos em resposta à infecção. O exame, de baixa procura, é feito em apenas dois laboratórios do país, para onde são encaminhadas as amostras colhidas em hospitais e prontos socorros.

No entanto, mesmo após a confirmação do diagnóstico, não há tratamento para a doença. A terapêutica adotada visa apenas aliviar os sintomas, como adotar medidas para manter a pressão arterial sob controle ou fazer a reposição com sangue ou soro, por exemplo, de acordo com a evolução do quadro.

Fontes: Marcelo de Carvalho Ramos, professor da disciplina de infectologia do departamento de clínica médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Maurício Lacerda Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia; Plínio Trabasso, professor associado e chefe da disciplina de infectologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)