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Já quis ir ao banheiro ao chegar em casa de uma viagem? Psicologia explica

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Imagem: iStock

Thiago Varella

Colaboração para o VivaBem

03/12/2017 04h00

Já deve ter acontecido com você. Depois de uma viagem, você volta para casa após alguns dias dormindo fora e, mal você coloca as malas no chão, dá uma vontade incontrolável de ir ao banheiro fazer o tal "número dois".

Até porque, nos dias que você esteve fora de casa, ir ao banheiro foi algo raro. Você até tentou. Sentiu aquele desconforto na barriga, sentou-se no vaso sanitário e... nada. Parecia que seu aparelho digestivo ficou meio encabulado em evacuar longe de casa.

Bem, essa estranha vontade de fazer cocô assim que chegamos em casa depois de uma viagem tem explicação. Segundo o professor Nick Haslam, professor de psicologia da Universidade de Melbourne, na Austrália, e autor do livro Psychology in the Bathroom (Psicologia no Banheiro, ainda não publicando no Brasil), trata-se de um reflexo condicionado.

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"Na minha opinião, a experiência de evacuar ao retornar de uma viagem é, em grande parte, uma resposta pavloviana. A casa é um sinal de segurança. É o lugar certo para ir", disse, em entrevista à revista The Atlantic. "Se houve alguma inibição ou retenção durante a viagem, a resposta de relaxamento provavelmente entrará em ação quando você chegar em casa".

Então, quando estamos longe de casa, a falta de familiaridade nos inibe de evacuar. Mas, no conforto do lar, a vontade volta com tudo. E essa tal resposta pavloviana? O que seria isso?

De acordo com professora doutora Karina de Carvalho Magalhães, da faculdade de psicologia da PUC-Campinas, trata-se de uma resposta fisiológica aprendida, fruto de um pareamento de estímulos.

No exemplo clássico do fisiólogo russo Ivan Pavlov, um cachorro passou a salivar diante do som de uma campainha. Naturalmente, cães salivam diante de comida.

Pavlov associou o alimento, um estímulo não condicionado, com o som de uma campainha, chamado de estímulo neutro. Após uma série de repetições dessa associação, o cachorro aprendeu a salivar com a campainha, mesmo quando não havia comida.

No nosso dia-a-dia, a resposta pavloviana aparece muito diante de alguma situação de incômodo. Não raro, pacientes que tiveram câncer sentem enjoo diante de um estímulo que associam ao período que faziam quimioterapia. Pode ser um tipo de música, por exemplo.

Para Magalhães, a ida ao banheiro ao chegar em casa, após uma viagem, é outro exemplo.

"Veja, neste caso, nossa casa é o estímulo neutro que somado ao estímulo não condicionado, a tensão no intestino, causa a resposta condicionada, que é a urgência de evacuar", explicou.

Para Haslam, a gente tem muita experiência em evacuar e urinar em nosso banheiro preferido. Nossa presença nesses locais desencadeia uma resposta de relaxamento que nos libera das inibições que sentíamos quando estávamos em um ambiente desconhecido, como um banheiro de hotel ou de aeroporto.

Segundo o pesquisador Jack Gilbert, da Universidade de Chicago, ao entrar em casa recebemos informações sensoriais familiares como os cheiros ou barulhos. Todos os aspectos do ambiente, da temperatura à sensação de tocar na maçaneta da porta contribuem para o sentimento de conforto.

"Mais confortável é um estado emocional. Mas as emoções são respostas fisiológicas. Então, o 'mais confortável' também é um estado fisiológico. É a maneira que seu corpo responde ao ambiente", disse, também à revista The Atlantic.

Ou seja, não há lugar como nosso lar. Nosso cérebro e nosso intestino já sabem disso.

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