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Omeprazol realmente pode causar câncer de estômago?

Ana Carolina Nunes

Colaboração para o VivaBem

29/11/2017 04h15

Quem toma omeprazol ou similares, como o pantoprazol, provavelmente ficou preocupado com a publicação de uma pesquisa que apontava um aumento no risco de câncer de estômago relacionado ao uso de inibidores de bombas de próton (IBP), nome científico do medicamento.

A pesquisa realizada durante oito anos, com mais de 60 mil pessoas de Hong Kong, aponta um aumento de 2,4 vezes no risco de se desenvolver câncer de estômago, o que poderia ser até cinco vezes maior no caso de uso prolongado.

Omeprazol causa câncer?

Não se pode tomar uma decisão definitiva a partir dessa pesquisa. O desenvolvimento de câncer de estômago apareceu em 0,25% dos pacientes. Mas essa região já tem uma alta incidência de câncer gástrico, e outros fatores de risco --como obesidade, tabagismo ou histórico familiar-- não foram analisados.

A pesquisa não deixa de ter sua importância, já que o medicamento ainda não chegou a completar uma geração inteira desde seu surgimento e estudos sobre ele são importantes. Porém, ainda é cedo para condená-lo. É um artigo impactante sim, mas por outro lado, existem muitos outros artigos com resultados a favor do omeprazol.

O uso continuado é prejudicial?

Especialistas alertam para que se tome omeprazol apenas quando orientado pelo seu médico e que sejam feitos exames periódicos para acompanhamento. Caso seja receitado, pode tomar com tranquilidade, já que é um medicamento consagrado de uso de curto e médio prazo.

O principal problema é que, por não precisar de receita, as pessoas acabam usando o remédio sem controle, ao primeiro sinal de desconforto gástrico ou azia. Mas, como qualquer medicamento de uso crônico e prolongado, precisa ter o acompanhamento médico.

É o médico que vai poder notar os diferentes sintomas antes de um diagnóstico de câncer de estômago, como gastrite ou atrofia gástrica.

As pessoas pesquisadas tiveram uma infeccao por H.pylori (Helicobacter pylori). Isso é um risco para desenvolver câncer?

A população analisada no estudo foi tratada para combater uma infecção bacteriana. E essa bactéria é um fator de risco para o câncer de estômago. Além disso, não se pode estabelecer se a incidência do câncer tinha relação com o omeprazol ou com um tratamento ineficiente feito no passado.

Fontes: Dr. Carlos Alberto Malheiros, professor titular e diretor da Faculdade de Medicina da Santa Casa e ex-presidente da Associação Brasileira Câncer Gástrico; Dra. Fernanda Capareli, oncologista clínica do Hospital Sírio-Libanês e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).