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O que a etiqueta e a medicina têm a dizer sobre tossir em lugares públicos

PeopleImages/iStock
Imagem: PeopleImages/iStock

Ritu Prasad

18/06/2019 12h23

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu a um assessor para se retirar do Salão Oval, na Casa Branca, depois que ele tossiu no meio de uma entrevista, o que deu início a um debate nas redes sociais sobre as "regras de etiqueta da tosse".

"Se você vai tossir, por favor, saia da sala", disse Trump se dirigindo a Mick Mulvaney, chefe de gabinete em exercício. "Você não pode simplesmente tossir..."

"Ele está tossindo no meio da minha resposta. Não gosto disso", acrescentou. Muita gente compartilhou da irritação de Trump - mas qual seria a coisa certa a fazer?

A reação na internet ao episódio que acabou gerando a hashtag #MulvaneyCough foi dividida. Enquanto alguns brincaram dizendo que foi a primeira vez que Trump estava sendo razoável, outros afirmaram que a atitude demonstra que ele é um chefe insensível.

Embora o presidente pareça ter ficado irritado principalmente pela interrupção, sua aversão à tosse não é surpreendente - ele se autodeclara germofóbico (que tem fobia de germes).

"Há relatórios médicos (saindo) o tempo todo. Ao apertar as mãos, você pega resfriados, pega gripe. Você pega todo tipo de coisa. Quem sabe o que você não pega?", diz um trecho do livro The

World According to Trump (O Mundo Segundo Trump, em tradução livre), publicado em 2005. Mas Trump não é o único nome conhecido que tem aversão a tosse e espirro - é sabido que o executivo americano Vince McMahon, promotor de luta livre, proíbe seus funcionários de espirrarem perto dele.

Kathleen Sebelius, secretária de Saúde e Serviços Humanos no governo de Barack Obama, também repreendeu um jornalista durante uma entrevista coletiva por não cobrir o nariz com o cotovelo quando espirrou, sugerindo, em tom de brincadeira, um desinfetante para as mãos e uma aula sobre como espirrar adequadamente.

Afinal, qual é a melhor maneira de espirrar ou tossir em um local público?

As regras de etiqueta para quem está doente

"A ideia é evitar as pessoas o máximo possível quando você precisar espirrar ou tossir", diz Crystal L Bailey, diretora do Etiquette Institute de Washington, nos EUA.
"Houve um tempo em que usaríamos lenços, mas se tiver um lenço de papel disponível ou se você conseguir espirrar no cotovelo... se certifique de fazer isso. Vire sua boca e rosto na direção oposta de qualquer outra pessoa."

Se isso não for possível - digamos, em um trem lotado - Bailey aconselha tentar espirrar no cotovelo - nunca na mão, para evitar espalhar germes nos corrimãos ou em outras superfícies que as pessoas possam tocar.

Mas se você acabar espirrando ou tossindo perto de alguém, peça desculpas. E se você sentir que vai ter um ataque de tosse no cinema ou no teatro, a melhor opção provavelmente é se retirar da sala.

Bailey também observa que, se você está doente, evitar apertar a mão das pessoas pode ser uma atitude respeitável.

"Você precisa dizer alguma coisa e não apenas recusar o aperto de mão de alguém sem dar uma explicação, porque seria deselegante", explica. "Mas acho que todo mundo ficará aliviado por não ter de apertar a mão de alguém que está doente." "Fora isso", observa ela, "o único comportamento que podemos realmente controlar é o nosso".

As razões médicas para seguir as regras

A melhor maneira de limitar o contágio quando estamos doentes é conter os fluidos do espirro ou da tosse em algo que pode ser jogado fora, afirma Tenagne Haile-Mariam, professora assistente de medicina de emergência na Universidade George Washington, nos EUA.

"O melhor seria um lenço de papel (...) que depois seja amassado com o lado contaminado para dentro." O contato direto com fluidos corporais de uma pessoa doente - como gotículas - é a maneira mais comum de pegar um resfriado.

No entanto, pedir a alguém para sair de um cômodo para tossir não é "a coisa mais importante" para evitar contrair uma doença, diz Haile-Mariam, uma vez que a "a tosse não é a única maneira de transmissão".

Se a pessoa voltar para o cômodo e tocar o nariz e o rosto, você não estará mais protegido.Pequenas partículas, como vírus, podem percorrer uma distância máxima de 1,8 metros com um espirro ou tosse, enquanto gotículas maiores geralmente não conseguem ultrapassar um metro, diz ela.

Mas se alguém tossir na própria mão ou em um cômodo vazio, esse material pode acabar em objetos que outros indivíduos podem tocar. A maioria das partículas infecciosas não sobrevive fora do corpo por muito tempo, mas algumas - como da catapora ou tuberculose - conseguem.

E quanto a outros países?

- Na Índia, onde a tuberculose é uma grande preocupação, as organizações de saúde lançaram campanhas para educar as pessoas sobre as "regras de etiqueta" da tosse;
- A Coreia do Sul teve problemas semelhantes com tosse e tuberculose. Um estudo mostrou que pouco mais da metade dos coreanos estava ciente das melhores práticas de higiene respiratória;
- Um estudo da Nova Zelândia, realizado durante o surto de gripe suína de 2009, descobriu que apenas uma em cada quatro pessoas cobria o nariz e a boca ao tossir ou espirrar;
- No Japão, é comum o uso de máscaras cirúrgicas - seja para evitar a propagação de germes ou amenizar alergias, filtrando o pólen. Segundo a Nippon.com, a prática teve início após a pandemia de gripe espanhola de 1918.

Mas, para você chegar a ficar doente, é preciso haver uma "quantidade substancial" de partículas bacterianas ou virais.

"Vivemos em um mundo cheio de agentes contaminantes, [mas] nosso corpo é muito bom em se livrar das coisas, a menos que esteja sobrecarregado." O que Haile-Mariam recomenda? Lave as mãos - mesmo que não esteja doente.

"Porque você vai tocar uma superfície em que alguém tossiu ou espirrou ou colocou algo em que tossiu ou espirrou", diz ela. "Quando estamos doentes, somos cuidadosos como bons cidadãos, porque não queremos infectar outras pessoas. Lavamos as mãos, jogamos os lenços de papel fora e assim por diante." "Mas, se não estamos doentes, precisamos ser tão cuidadosos quanto em relação à lavagem das mãos."

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