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Dez mitos e verdades sobre a calvície e a queda de cabelos

Raspar o cabelo pode prejudicar o crescimento - iStock
Raspar o cabelo pode prejudicar o crescimento Imagem: iStock

28/08/2017 12h13

Alba Morgade
BBC Mundo

Cortar o cabelo, evitar o chapéu ou usar máscara de ovos. A cultura popular está cheia de recomendações para prevenir ou reverter a calvície, uma condição que afeta mais de 50% dos homens a partir dos 50 anos e das mulheres a partir dos 65 anos, segundo dados do NHS, o serviço de saúde pública britânico.

Mas o que será que realmente funciona? Consultamos especialistas para desvendar dez das crenças mais comuns sobre o tema e saber quais delas são verdadeiras.

1. "Raspar a cabeça evita a calvície"

É habitual ver homens rasparem a cabeça quando começam a perder o cabelo. Mas os que fazem isto pensando em estimular o crescimento dos fios estão equivocados. Isto porque a raspagem não afeta o desenvolvimento do folículo, que é onde fica a raiz do fio de cabelo.

"Quando você raspa a cabeça, pode a irritar o couro cabeludo e levar ao nascimento de fios mais finos, o que deixará a calvície mais aparente", afirma o médico Robinson Guerrero, da Clínica Guerrero, em Santiago do Chile.

Para Ralista Bozhinova, especialista em perda de cabelo da Clínica Belgravia, de Londres, uma das empresas líderes no setor, raspar ou cortar não influencia no crescimento do cabelo.

Uma terceira especialista, a cirurgiã de transplante capilar Thomy Kouremada-Zioga, da clínica londrina The Private Clinic, diz que isto pode danificar seriamente a raiz e, em alguns casos, levar à perda de cabelo permanente.

Sobre se cortar o cabelo (e não raspá-lo) seria uma alternativa melhor, todos concordam que isto não afetaria o ciclo de crescimento do cabelo, embora Bozhinova ressalte que o cabelo "parecerá esteticamente mais saudável quando recém-cortado".

2. "Lavar o cabelo com frequência faz mal"

Alguns dizem que as substâncias químicas presentes no xampu podem danificar o couro cabeludo quando lavado com muita frequência. Os especialistas garantam que esse é outro mito.

"O cabelo deveria ser lavado todos os dias ou pelo menos a cada dois dias, embora isto dependa do tipo de cabelo da pessoa", explica Guerrero.

É o que também destaca Bozhinova: "Se você tem a pele mais seca não é preciso lavar o cabelo tão frequentemente, mas se o seu cabelo é oleoso, você deveria aumentar a frequência para retirar a oleosidade que bloqueia o folículo".

3. "Não se deve usar secador de cabelo"

De forma geral, especialistas dizem que isto não é verdade, mas alguns cuidados são necessários.

"Desde que não provoque queimaduras ou que não se puxe muito o cabelo na hora de secá-lo, não há nenhum risco", afirma a especialista da Belgravia.

Mas a cirurgiã Zioga recomenda que "o secador seja usado o mínimo possível e que se prefira o ar frio para evitar que o cabelo esquente e irrite a raiz".

4. "Evite escovar muito o cabelo"

Isto não tem base científica, segundo os especialistas.

"A única coisa que pode ocorrer é o fio ficar preso no pente ou na escova, e isso pode levar à impressão de que os cabelos estão frágeis ou caindo", disse Bozhinova.

"Na verdade, quanto mais se escova, se for com suavidade, melhor", acrescenta Zioga.

A razão: "Isto aumentará a circulação sanguínea e ajudará o crescimento".

5. "Usar elásticos de cabelo leva à queda de cabelo"

Outra afirmação que não fica de pé.

Mas é bom evitar esticar demais o cabelo na hora de prendê-lo para não arrancar os fios.

6. "Chapéu faz o cabelo cair"

Também não é verdade. Mas, como os elásticos de cabelo, deve-se evitar que ele aperte a cabeça, afirmam Guerrero e Bozhinova.

Zioga, no entanto, recomenda não usá-lo muito frequentemente e, quando o fizer, tomar cuidado para que não fique muito apertado, já que isto pode bloqueará a circulação sanguínea que estimula o crescimento do cabelo.

7. "Se ficou grisalho, não ficará calvo"

Esse é outro mito, segundo a especialista da clínica Belgravia.

"Tenho pacientes com e sem cabelos grisalhos que sofrem com a perda de cabelo, não há distinção", garante a médica.

A calvície é em grande parte um fator genético, mas também um sintoma do envelhecimento e uma consequência da falta de cuidado com o cabelo.

8. "A dieta afeta o cabelo"

Isso tá certo. A deficiência de vitaminas pode ser muito prejudicial para nosso cabelo, como ao resto do corpo.

Zioga considera este um fator de risco especialmente para homens com predisposição genética à calvície. "Uma dieta pobre pode piorar e acelerar sua condição", afirma.

Além disso, a médica destaca que "o que faz o cabelo crescer é a proteína" e alerta que os vegetarianos devem assegurar que tenham uma dieta com as proteínas necessárias para reduzir as chances de sofrer de calvície.

9. "Os esteroides aceleram a queda de cabelo"

Outra verdade: alguns esteroides usados no treinamento físico têm altos níveis de dihidrotestosterona, um hormônio presente na testosterona responsável pela alopecia androgenética - a calvície ligada à predisposição genética.

"O consumo destes esteroides pode acelerar a queda de cabelo", alerta Ralista Bozhinova.

Os demais especialistas também desaconselham o uso de esteroides a não ser que seja sob prescrição médica.

10. O mito dos remédios caseiros

Ovo, vinagre, mel, bicarbonato... Muitos são os produtos que prometem ajudar a prevenir a queda ou fazer que o cabelo volte a crescer.

Mas nada mais distante da realidade, segundo os especialistas.

"Isto pode ter um efeito estético, como uma máscara, mas não terá efeito na prevenção da queda e muito menos em recuperar o cabelo já perdido", afirma a especialista em medicina capilar Bozhinova.

Zioga concorda: "Ele parecerá mais saudável e mais suave, mas isto não ajudará o cabelo a voltar a crescer".

O que funciona?

De acordo com os especialistas, o que está cientificamente comprovado para recuperar o cabelo são os remédios à base de finasterida, como o propecia, e os enxertos de cabelo.

Para Ralista Bozhinova, o laser de baixa intensidade não serve como único tratamento, mas ajuda a melhorar a circulação sanguínea. Já outros especialistas discordam de sua eficácia.

Como recomendações gerais, os especialistas consultados pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, indicam que não se deve maltratar o cabelo, submetê-lo a altas temperaturas, nem esticá-lo ou apertá-lo demais nos penteados.

Também recomendam uma dieta saudável, além de escovar e lavar com frequência, de preferência com um xampu neutro.